“Há uma possibilidade séria de eleições antecipadas entre o fim de 2024 e princípio de 2025”

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António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

O comentador Luís Marques Mendes disse, no seu espaço habitual na SIC Notícias, que “há uma possibilidade séria de eleições antecipadas entre o fim de 2024 e princípio de 2025”.

“O Presidente da República afastou, e bem, a ideia de dissolução do Parlamento. Seria uma solução aventureira nos tempos que vivemos. Mas daqui não se pode presumir que a legislatura vá até 2026 (…) acho que há uma possibilidade séria de eleições antecipadas entre o fim de 2024 e princípio de 2025”, referiu.

Na sua opinião, para tal cenário contribuem o aviso feito por Marcelo Rebelo de Sousa, “quando disse que uma maioria absoluta não é seguro de vida para uma legislatura”, e a degradação da situação política e governativa, que “já hoje é grande”.

“Goste-se ou não, este cenário é bastante provável. Só não sucederá se o PS conseguir ganhar as eleições europeias. Não é fácil, mas também não é impossível. Para isso, a escolha dos cabeças-de-lista não é irrelevante”, apontou.

No PSD, continuou, o nome mais provável é o de Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto. No PS, pode ser Marta Temido.

Sobre a entrevista do líder do PSD na passada sexta-feira, na qual Luís Montenegro garantiu que não conta com o Chega para “apoio político” de qualquer espécie, considerou que a posição de rutura face ao partido de André Ventura é positiva, embora tenha tardado.

“Não percebo por que o PSD demorou tanto tempo a clarificar” a questão do Chega, disse Marques Mendes. “Agora que cortou com ambiguidade, só posso elogiar”.

Por um lado, “acaba com o ruído em torno do PSD por causa do Chega, que não permitia que as mensagens passassem” e por outro dá “um sinal de atenção ao centro”. Assim, os eleitores de centro que estejam por esta altura desiludidos com o Governo do PS podem aproximar-se de um PSD sem o fantasma do Chega, notou.

“Muitos perceberão que o voto decisivo é no PSD e que o voto no Chega até pode ter um efeito contraproducente”, notou ainda.

Marques Mendes indicou que essa foi a entrevista “mais feliz” de Montenegro, com uma “mensagem mais para dentro, de que quer ganhar as [eleições] europeias, mas se não ganhar, não vai embora” e, para fora, “fez uma demarcação com elegância” em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, reafirmando-se como alternativa ao Governo.

O comentador falou ainda sobre o caso de Boaventura de Sousa Santos – considerando que a presunção de inocência não está em causa, mas lembrando que há já várias denúncias. Descreveu o caso como “surpreendente”, “absolutamente chocante e inaceitável”.

“Boaventura Sousa Santos, como qualquer padre, no quadro dos abusos sexuais na Igreja, ou como qualquer outro cidadão, tem direito à presunção da sua inocência. Mas, quando temos não uma, mas várias denúncias, as acusações ganham outra solidez, consistência e credibilidade”, referiu.

E continuou: “é surreal que Boaventura de Sousa Santos invoque que tudo isto sucede por causa do neoliberalismo. Talvez seja útil recordar-lhe que combater os abusos sexuais, seja na Igreja, nas Universidades, ou na sociedade em geral, não é uma questão de dialética entre direita e esquerda. É uma questão de lutar contra os abusos. Abusos de poder e de comportamentos”.

Sobre Lula da Silva e a polémica da sua vinda a Portugal, apontou a “importância da vitória de Lula sobre Bolsonaro nas eleições brasileiras. Goste-se ou não se gosta de Lula da Silva, a sua vitória foi muito importante para a democracia e para o reforço da decência na vida política. Os democratas devem estar-lhe gratos por isso”.

Quanto ao momento em que Lula será recebido na Assembleia da República, “preferia que a receção no Parlamento português ocorresse num dia que não fosse o dia 25 de Abril. Era preferível que fosse antes ou depois da data da Revolução. Mas não considero que essa seja a questão política essencial”, indicou.

“Essencial mesmo é refutar as declarações inaceitáveis que Lula da Silva fez esta semana, na China, criticando o apoio que a União Europeia e os Estados Unidos têm dado à Ucrânia”, declarou.

“Eu espero que o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República ou o primeiro-ministro digam ao Presidente brasileiro, algumas coisas fundamentais: primeiro, que na guerra da Ucrânia há um agressor e um agredido. A obrigação de um democrata é condenar o agressor, que violou o direito internacional, e apoiar o agredido, vítima dessa violação”, explicou.

“Segundo, que, se não fosse o apoio político e militar da União Europeia e dos Estados Unidos, a Ucrânia, a esta hora, já não era um Estado livre e independente, já não vivia em democracia e já tinha perdido a sua soberania”, notou.

E concluiu: “finalmente, que todos desejamos a paz. Mas a primeira condição para fazer a paz é condenar quem começou a guerra. O que o Brasil, tal como a China, ainda não fez”.

ZAP //

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    • Neste momento o governo ainda se mantém em funções unicamente pelos prazos de execução do PRR. Se não fosse isso a AR já teria sido dissolvida. Este governo foi para além de todos os limites de esquemas, mentiras e incompetências que já alguma vez se assistiu em Portugal.

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