O antigo administrador financeiro do BES, Amílcar Morais Pires, garantiu que a 11 de Julho alertou a administração do banco que o acumular de factores de ‘stress’ desde o início de Julho criava condições para uma “tempestade perfeita”.
Amílcar Morais Pires disse que na altura avisou que a “caracterização dos factores de ‘stress’ que afectavam o banco, a saída de depósitos, a evolução muito desfavorável dos títulos do BES, no mercado accionista e obrigacionista, as descidas de ‘rating'”, constituíam “uma ‘tempestade perfeita'” que se podia agravar no decurso da semana seguinte, “nomeadamente em consequência de um eventual incumprimento do GES [Grupo Espírito Santo]”.
E reforçou, perante os deputados da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES, que “a gravidade da situação poderia conduzir o BES a ter de recorrer à facilidade de emergência do Banco Central Europeu, e por isso, não apoiava em consciência as manifestações públicas das autoridades portuguesas no conforto que davam à população relativamente à situação do BES”.
Segundo o responsável, a ata desta reunião de 11 de Julho foi assinada e imediatamente remetida para o Banco de Portugal.
“Este meu apelo foi ignorado e, além disso, perdeu-se a última oportunidade de recapitalizar o BES através de fundos privados no fim-de-semana do dia 12 e 13 de Julho”, acusou.
Segundo o antigo administrador financeiro do BES, o banco colapsou não devido a uma crise de capital, mas devido a uma crise de liquidez, causada pela fuga de depósitos e pelo corte das linhas interbancárias, que então originou uma crise de capital.
“É triste que tenha visto a minha carreira interrompida ao fim de 28 anos”, declarou aind aAmílcar Morais Pires.
“Havia o ‘dono disto tudo’ mas eu não era o faz tudo”, sublinhou ainda, num tom descontraído.
ZAP / Lusa
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