O director-geral da Saúde, Francisco George, anunciou este sábado que foram já diagnosticados 90 casos de infecção por ‘legionella’ na Grande Lisboa, dos quais 16 estão nos cuidados intensivos, admitindo que possam surgir novos casos.
A quase totalidade dos casos detectados, cerca de 90%, “estão concentrados na área de Vila Franca de Xira”, nomeadamente nas localidades de Vialonga, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa.
Destes 90 casos detectados, 59 estão internados no Hospital de Vila Franca de Xira e os restantes casos estão internados por todos os hospitais da Grande Lisboa, como o Centro Hospitalar de Lisboa Norte, o hospital de Amadora-Sintra, o hospital das Descobertas e o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.
Francisco George admitu esta tarde que o surto de legionella verificado em Vila Franca de Xira “é um problema que não é habitual” dada “a magnitude e gravidade”.
Para Francisco George, este surto de legionella “é uma situação preocupante“, indicando que estão a ser tomadas “medidas sem descanso” e assegurando que as autoridades de saúde “estão preparadas para um eventual aumento de casos”.
O director-geral de Saúde disse ainda que “não foi identificada a fonte de contágio“, nem a “explicação para este fenómeno”.
Na sexta-feira, deram entrada no hospital de Vila Franca de Xira 27 pessoas com problemas respiratórios, sendo que já hoje houve a registar a primeira vítima mortal, um homem de 59 anos com problemas respiratórios já anteriores a ter sido infetado com a bactéria Legionella.
“As pessoas têm razões para estar atentas e preocupadas, é um problema que não é habitual, uma situação deste tipo, com esta magnitude e gravidade, não é habitual“, disse o diretor-geral de Saúde, admitindo que surjam novos casos nas próximas horas e dias, dado que o período de incubação da doença é de uma semana a 10 dias.
“É possível haver mais casos nas próximas horas e nos próximos dias”, disse Francisco George, considerando que as pessoas devem estar “alertadas e preocupadas, mas não alarmadas”, até porque, só este ano, já houve 88 casos de legionella em Portugal.
A bactéria da legionella, disse, “transmite-se por inalação, é respirada através da formação e produção de aerossóis, que são pequenas gotículas nos duches, nos repuxos, de tudo o que possa fabricar aerossóis, como por exemplo sistemas de ar condicionado, e uma vez que a água que esteve na sua origem tenha a bactéria, é provável a transmissão por inalação”.
Esta bactéria, vincou o diretor-geral de Saúde, “não se transmite de pessoa a pessoa“, pelo que a principal recomendação para os cidadãos, nomeadamente os da zona de Vila Franca de Xira, é “ter em atenção as comunicações dos meios de comunicação de referência”.
Quanto aos grupos de risco, Francisco George apontou as pessoas com mais de 50 anos e os grandes fumadores, lembrando que a única vítima mortal, até agora, era um “fumador de mais de dois maços por dia”, que por causa disso “tinha um fator de risco que determinou esta evolução”.
Ministro da Saúde anuncia plano de contingência
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou este sábado que foi acionado um plano de contingência para lidar com o surto de legionella que surgiu na sexta-feira em Vila Franca de Xira.
Em declarações aos jornalistas à entrada para uma reunião de emergência das autoridades de saúde, em Lisboa, Paulo Macedo disse que “há um conjunto de medidas que têm vindo a ser tomadas, sendo que a primeira é tratar das pessoas e assegurar número suficiente de camas e a possibilidade de ventilar os doentes com dificuldades especiais”.
Paulo Macedo confirmou tratar-se de “um caso que não é normal”, mas lembrou que todos os anos “há um número significativo de Legionella e, no ano passado, houve 120 casos”.
Os especialistas das autoridades de saúde “reuniram-se na sexta-feira com a câmara de Vila Franca e empresas municipais de águas no sentido de o mais cedo possível podermos estabelecer conexões e fazer vários despistes e encontrar pontos comuns a estas pessoas”, disse o ministro, acrescentando que “foi feita geo-referenciação dos casos” e que todos os “factos vão ser trabalhados para ver como pode ser identificada a origem desta situação e pôr-lhe cobro, que é a segunda prioridade”.
Aberto inquérito epidemiológico
“Ontem, sexta-feira, foi também iniciado inquérito epidemiológico para averiguar a fonte potencial de contaminação e vão ser tomadas medidas para a sua eliminação”, disse à Lusa uma fonte oficial do Ministério liderado por Paulo Macedo.
A equipa é constituída pela Direção Geral de Saúde, Instituto Nacional de Saúde dr. Ricardo Jorge, delegados de Saúde e Administração de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e o ministro tem “acompanhado pessoalmente a evolução da situação e participado em algumas reuniões”.
Os trabalhos, conclui a fonte oficial do Ministério da Saúde, estão concentrados em duas frentes: “na assistência e tratamento dos doentes e na identificação da fonte de contaminação”.
ZAP / Lusa
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