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6 motivos para não gostar do teletrabalho fora de casa

Relato de quem passou a trabalhar em diversas cidades em zonas litorais: “A vida de nómada digital não é o que parece”.

Nestes últimos dois anos, o teletrabalho passou a ser a regra em milhões de casos (e casas), por causa da COVID-19.

Há quem agradeça. Passa-se mais tempo em casa, evitam-se deslocações prolongadas e às vezes caras, consegue-se controlar melhor a vida pessoal – embora a vida laboral possa misturar-se cada vez mais com a vida pessoal, sem a pessoa conseguir controlar isso.

Cada vez mais trabalhadores, incluindo os portugueses, procuram trabalhar longe do escritório, escolhendo o sítio no qual trabalham. Costumam preferir a sua casa mas podem preferir escolher outro local do país onde vivem (ou de outros países, embora seja menos frequente).

Até há uma lista com as cidades portuguesas mais hospitaleiras, mais económicas e mais populares, para o teletrabalho.

No entanto, “a vida de nómada digital não é tudo o que parece”, avisa Gaetano DiNardi na revista Fast Company.

Gaetano, passou a estar quase sempre em teletrabalho, “vagueando” por algumas cidades mexicanas na zona litoral, trabalhando a partir de cafés ou hotéis, muitas vezes. “Os meus amigos têm ciúmes. Se eles soubessem…”.

Pode parecer um cenário ideal quando se fala sobre trabalhar em locais em que se respira um bom ar, que tenham paisagens bonitas. Mas o ambiente cria problemas, muitas vezes.

Seis desvantagens

O consultor de empresas ligadas à tecnologia apresenta seis motivos para não gostar do teletrabalho fora de casa.

O primeiro é o desconforto físico. Dores nas costas, no pescoço… Quando não se está em casa e não se tem as cadeiras ou sofás habituais, o corpo é que paga. Ou pode pagar. Também pode surgir cansaço visual, se a iluminação não for controlada. E é provável que o ritmo de sono seja alterado se a temperatura não for a adequada.

O segundo motivo é a internet. Há sempre a probabilidade de a velocidade e a estabilidade das ligações wi-fi não serem como o trabalhador precisa. E podem haver ligações perigosas, aumentando a probabilidade de cibercrime, expondo informações, ou pessoais, ou da empresa. Até há o risco de estar a ser observado por piratas que, discretamente, observam o monitor do trabalhador.

O saneamento, a higiene, podem não ser os melhores. Quem está habituado a ver tudo “limpinho”, com bons níveis de higiene, pode ser surpreendido ao mudar de país.

Quarto motivo: mosquitos. Já há quem tinha escrito que os mosquitos são a maior maldição na vida das pessoas. Incomodam e podem originar doenças nos humanos.

O barulho também pode ser problemático. Trânsito, pessoas a fazer barulho, obras, aeroporto… Até as reuniões online podem ser complicadas, para os outros ouvirem o nómada digital. E a concentração foge.

O último motivo é a possível, e provável, solidão. Alguns nómadas digitais estão na lista das pessoas mais solitárias. E, quando se tenta mas não se consegue encontrar novos amigos, aparece frustração.

Conclusão: há muita gente cansada por estar a trabalhar em casa; este trabalhador agora percebe que o melhor local do teletrabalho é a sua casa.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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