A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou, este domingo, o “poucochinho das muitas medidas e poucas soluções” prometidas pelo primeiro-ministro para combater a precariedade.
No discurso de encerramento do Fórum Socialismo 2021, a rentrée do Bloco que este domingo terminou em Almada, Catarina Martins começou por concordar com uma ideia do secretário-geral do PS, António Costa, de que não se pode “esperar quatro ou cinco gerações para as mudanças que contam na dignidade” dos portugueses, mas avisou que é por isso mesmo é que “não valem meias medidas ou anúncios tonitruantes que não mudam a vida das pessoas”.
“Ouvi António Costa agradecer o contributo das jovens gerações que são a garantia de futuro em Portugal, mas, na verdade, é a estas jovens gerações que o Partido Socialista não quer garantir um futuro em Portugal”, criticou.
Para justificar esta crítica, a coordenadora do BE referiu-se às 64 propostas entregues pelo Governo na Concertação Social sobre legislação do trabalho, lamentando que entre estas não haja nenhuma que vá “impedir que algum jovem neste país esteja condenado à precariedade” ou que garantam a quem neste momento é precário que o deixe de ser.
“E é este poucochinho das muitas medidas e poucas soluções que o Bloco de Esquerda não aceita. Temos pressa de mudar e para essa mudança que trabalhamos”, condenou.
Segundo Catarina Martins, “António Costa fez a promessa que quem trabalha de forma precária ou temporária vai passar a ter um contrato com a empresa de trabalho temporário”.
“E eu não me lembro de nada mais triste do que dizer às gerações jovens e precárias que o seu futuro é ter um contrato com a empresa que lhe fica com uma parte do salário, que lhe nega carreira, que lhe nega futuro”, lamentou.
A questão da juventude e das suas condições de vida foi tema central da intervenção com que o líder socialista encerrou o 23.º Congresso Nacional do PS, particularmente o problema da dignidade no trabalho.
António Costa PS afirmou hoje que vai alargar os apoios aos jovens para promover a sua autonomia, desde logo no plano da fiscalidade, e prometeu alterar a legislação laboral para desincentivar a precariedade e combater abusos.
// Lusa