Cidades mediterrânicas mais frescas: solução pode estar em Portugal

Massimo Percossi / EPA

Onda de calor atinge a cidade de Roma, em Itália

Investigadores da Universidade de Coimbra tentam reduzir o impacto do calor extremo sobre visitantes e residentes.

Uma equipa de investigação da Universidade de Coimbra (UC) está a coordenar um projeto que tem como prioridade reduzir o impacto do calor extremo sobre visitantes e residentes, tornando as cidades mediterrânicas mais frescas.

O projeto Cool Noons está em curso em cinco cidades da Europa: Lisboa, Budva (Montenegro), Dubrovnik (Croácia), Imola (Itália) e Marselha (França).

Na capital está a ser realizado um estudo-piloto para potenciar os chamados “caminhos frescos”: percursos em que jardins e sombra proporcionam uma experiência mais agradável a residentes e turistas.

A equipa da UC tem acompanhado a recolha de dados relativamente aos impactos da temperatura do ar sobre os visitantes da cidade e aos benefícios destes “caminhos frescos”, junto de turistas e residentes.

Mais tarde, vai coordenar a avaliação científica dos potenciais benefícios das intervenções de teste a serem implementadas.

Nas outras quadro cidades, está a decorrer também a identificação e divulgação de percursos mais frescos, estando igualmente em curso “a criação de zonas pedonais sem tráfego; a instalação de toldos de sombra; a plantação de árvores; a colocação de mesas de piquenique com proteção solar e de floreiras”, explicam os autores do estudo, em comunicado enviado ao ZAP.

Está ainda em desenvolvimento uma aplicação de realidade aumentada para atrair visitantes para espaços de refrescamento, como forma de combater não apenas o calor, mas também o congestionamento das atrações centrais – que está a ser testada no Museu Marítimo, em Dubrovnik”

A líder deste estudo, Ana Maria Caldeira, já tinha feito investigação na qual que rastreou percursos de hóspedes de hotéis em Lisboa e encontrou evidência científica de que o aumento da temperatura máxima diária tem impacto negativo sobre a experiência e satisfação dos participantes no estudo.

A equipa da UC espera que este projeto possa contribuir para pensar o futuro das cidades, nomeadamente “soluções de adaptação e, de modo mais abrangente, gerar conhecimento para auxiliar processos de decisão operacional ou estratégica no contexto das ações de planeamento e ordenamento urbano”.

Os cientistas sublinham ainda o papel vital dos espaços verdes, que “podem funcionar como refúgios de frescura em áreas urbanas severamente afetadas por ondas de calor, oferecendo não apenas uma experiência cultural e paisagística única, mas também condições para reduzir o desconforto térmico de visitantes e residentes”.

“Esperamos que os resultados do Cool Noons possam contribuir para a adaptação destas cidades às alterações climáticas, como também em fornecer exemplos de iniciativas replicáveis em outras cidades do Mediterrâneo e de outras geografias que enfrentam desafios semelhantes”, rematam.

ZAP //

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