O Chega recebeu um donativo de uma conta bancária do empresário Humberto Pedrosa, o dono do Grupo Barraqueiro que é accionista da TAP e que foi administrador na empresa de aviação. Mas ele assegura que foi o filho quem fez a transferência.
O nome de Humberto Pedrosa surge como “um dos quatro maiores financiadores individuais” do Chega, em 2020, nos extractos bancários entregues pelo partido de extrema-direita à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP).
Um dado avançado pelo Expresso que refere uma transferência de cinco mil euros a 17 de Junho de 2020 em nome de Humberto Manuel Pedrosa para a conta do Chega no BPI.
Nessa altura, o empresário já era accionista da TAP através do consórcio Gateway e tinha um lugar na administração da empresa de aviação. Pedrosa acabou por renunciar ao cargo em Outubro de 2020, mas mantém-se como accionista de referência, com 22,5% das acções.
O dono e presidente do Grupo Barraqueiro assegura ao Expresso que não foi ele quem fez a transferência, mas um dos seus filhos, Artur Pedrosa.
“Tratou-se de uma contribuição pessoal da iniciativa do meu filho”, frisa.
“A transferência foi feita de uma conta conjunta de que eu sou o primeiro titular e por isso aparece o meu nome na transferência”, explica ainda Humberto Pedrosa ao Expresso.
Artur Pedrosa nunca fez parte da administração da TAP, mas é administrador da sociedade do Grupo Barraqueiro que é accionista da companhia de aviação.
Em declarações à revista Sábado, Humberto Pedrosa tinha dito que a informação do donativo era “completamente falsa”. “Nego veemente que alguma vez ou nalguma circunstância tenha feito qualquer donativo ao Chega”, vincou.
Ventura defendeu injecção pública na TAP
O líder do Chega, André Ventura assumiu publicamente que concordava com a injecção de dinheiros públicos na TAP numa entrevista ao Expresso publicada a 18 de Dezembro de 2020. Nessa altura, referia que se tratava de uma empresa “fundamental ao interesse estratégico português”.
Ventura também elogiou o trabalho dos privados na companhia, frisando que era “melhor do que aquele que estava a fazer o Estado antes da privatização”.
Em Junho do ano passado, Ventura ainda se manifestou contra a nacionalização da TAP depois de Pedro Nuno Santos, ministro das infraestruturas, ter falado dessa possibilidade no âmbito das negociações com os privados quanto às condições do empréstimo do Estado de 1,2 mil milhões de euros.
Doadores de dezenas de milhares de euros “escondidos”
Os documentos entregues pelo Chega à ECFP revelam ainda que, “entre os maiores financiadores do Chega” estão “José Paulo Santos Duarte, dono da empresa Transportes Paulo Duarte, João Maria Casal Ribeiro Bravo, dono da Sodarca — Sociedade Distribuidora de Armas de Caça e sócio-gerente da Helibravo, e Jorge Moniz Maia Ortigão Costa, accionista da Sugal, a fábrica de transformação de tomate que tem a marca Guloso”, como nota o Expresso.
Mas “a identidade dos doadores de dezenas de milhares de euros permanece escondida” porque algumas transferências foram feitas através da plataforma online IfThenPay, segundo reporta a Sábado.
Esta plataforma é “uma espécie de MB Way para empresas” que permite receber “donativos, inscrições e pagamento de quotas transferidos através do site oficial do Chega ou do portal do partido”, explica à revista o secretário-geral do partido, Tiago Sousa Dias.
A Sábado fala de transferências, por esta via, de 4.425 euros a 3 de Março de 2020, de 2.677 euros a 5 de Março e de 2.574 euros no dia seguinte, sem que seja possível identificar a origem do dinheiro.
Quantos financiam o PS e outros partidos, poderemos saber?
Desses ninguém fala. É secreto. Isto está tudo roto. Do Chega pode-se falar. Dos outros, silêncio quanto a esta questão.
Isto é táctica do manual comunista/fascista.
Uma notícia que revela doadores a um partido que é constantemente criticado pela esquerda. A isto se chama canalhice, como se quisessem envergonhar a pessoa em questão.
Interessante – pessoalmente nunca vi – que nunca façam um artigo com os doadores do BE e do PCP?
Dois pesos, duas medidas.
Rwalmente… é uma fortuna. E os outros partidos, de esquerda e de extrema-esquerda? Não foram financiados? Provavelmente, não há CORAGEM para informar os leitores…
As pessoas já não têm direito a gostar ou ser do partido que desejam??
Onde está a democracia e a liberdade??
NUNCA se deviam publicar notícias deste tipo, ou então todos os partidos deviam mostrar com transparência os seus financiamentos!
Que tal investigar as “eventuais” pulhices e podres escondidas/os nos financiamentos do PS e do PSD?? (ou de qualquer outro, que nisto não há – infelizmente – santos).
Caro leitor,
Em primeiro lugar, não é a si que lhe compete decidir o que é que o ZAP noticia ou não, nem definir o que os leitores querem ler ou não.
Aliás, é precisamente “a democracia e a liberdade”, que não sabe onde está, que o impedem, a si e a quem quer que seja, de determinar o que é notícia ou não. Está aí mesmo.
Em segundo lugar, o ZAP tem dado frequentemente notícias acerca do financiamento dos partidos — nomeadamente, nas últimas semanas, com diversas notícias acerca do financiamento das campanhas para as próximas eleições autárquicas.
Com a diferença de que não apareceram nessas notícias leitores revoltados com as referências ao financiamento do seu partido ou candidato favoritos.
Aparentemente, há quem saiba onde está de facto a democracia e a liberdade.
Penso que se está a dar demasiada antena ao CHEGA, que nem sequer merece que se perca um minuto com canalhices. Mas isto faz parte da estratégia do Populismo.
Acabe-se com esta fantochada.