Com gastos superiores a 53,5 milhões de euros por mês em ordenados e uma difícil situação financeira, a TAP está sem dinheiro para pagar os salários deste mês numa altura em que o futuro da companhia de aviação continua num impasse. Certa é só a saída de David Neeleman da estrutura accionista.
Na terça-feira, avançou-se que a TAP seria nacionalizada depois de os accionistas privados da empresa terem chumbado a proposta de ajuda do Estado. Mas, nesta altura, o cenário de nacionalização não é tão certo.
A saída de David Neeleman da estrutura accionista da empresa estará a ser negociada e pode ser a solução para evitar a nacionalização da empresa.
Neeleman tem 50% da Atlantic Gateway, empresa que controla 45% da TAP. Os outros 50% da Atlantic Gateway são detidos pelo empresário Humberto Pedrosa, dono do grupo de transportes Barraqueiro, que quererá manter-se na TAP.
O Estado detém 50% da TAP, enquanto os restantes 5% estão nas mãos de trabalhadores da empresa.
Neste momento, está em cima da mesa a possibilidade de nacionalizar os 45% detidos por Neeleman e Pedrosa. Outro cenário possível é também a venda da participação de Neeleman a Pedrosa.
O Eco noticia que Pedrosa estará a tentar comprar a parte de Neeleman por 45 milhões de euros.
“Se Neeleman vender, terá a possibilidade de encaixar já cerca de 45 milhões de euros em vez de esperar por uma decisão do tribunal [arbitral] para saber se pode recuperar ou não os 217 milhões de euros de prestações acessórias que a Atlantic Gateway pôs na TAP”, refere ao Eco uma fonte conhecedora das negociações.
Estes milhões das prestações acessórias terão sido o ponto de divergência que levou ao chumbo das ajudas do Estado e, consequentemente, ao reforço da possibilidade de nacionalização.
Em causa está uma cláusula do acordo de venda que permite aos accionistas privados recuperarem esses 217 milhões que emprestaram à TAP no caso de reforço da participação do Estado na empresa. O Estado exigiu a queda dessa cláusula, mas Neeleman opôs-se.
“Se os privados não aceitarem as nossas condições, nós temos de intervir com uma nacionalização”, avisou já o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
“Estamos preparados para tudo. Não vamos ceder nas nossas condições e estamos preparados para intervencionar e salvar empresa”, vincou o governante.
O decreto de nacionalização da TAP já estará pronto e poderá avançar até esta quinta-feira, dia em que se realiza o Conselho de Ministros.
O primeiro-ministro, António Costa, disse que espera que ainda nesta quarta-feira haja uma solução para a TAP.
Sem dinheiro para salários
Enquanto continua o impasse quanto ao futuro da companhia de aviação, as contas debilitadas não permitem o pagamento de salários deste mês.
A situação financeira agravou-se muito com a pandemia e os cofres da TAP já só tinham, no final de Março, 280 milhões de euros em caixa, segundo o Correio da Manhã (CM).
O jornal refere que a empresa gasta mais de 53,5 milhões de euros por mês em salários e sublinha que não tem dinheiro suficiente para pagar os valores relativos a Junho.
A transportadora aérea tem mais de nove mil trabalhadores.
“…Pedrosa estará a tentar comprar a parte de Neeleman por 45 milhões de euros.”
Isto já anda assim? Por “meia-dúzia de trocos” já se compra uma grande parte de uma empresa de aviação?
Está pagar demais por uma empresa que está tecnicamente falida.
Isso por vezes não é bem o que parece. Dois dos principais ativos (como na maioria das empresas) não estão devidamente contabilizados: a marca e o know how. E estes ativos são bem valiosos.
É uma empresa que com uma nova estratégia, forte limpeza, aposta em determinadas rotas e redimensionamento da administração poderá ter outros voos. O potencial existe. Nunca foi bem gerido mas existe. A TAP devia em minha opinião começar desde logo por mudar o seu nome. TAP é redutor. Não é uma empresa de transportes aéreos portugueses. Devia ser a transportadora aérea da lusofonia. É essencial que se assuma como uma transportadora de ligação das comunidades lusófonas, embora obviamente equacionando muitos outros destinos bem interessantes e rentáveis.
comprar uma empresa falida é comprar dores de cabeça, eu deixava afundar
Não deveria ter havido gestores capazes em Portugal. Foram buscar uma sucessão de brasileiros manhosos, terminando com este David Neeleman, e o resultado está á vista. A TAP ha anos que mete água, esta crise foi só uma ajudinha para a afundar.