Apelidada de “princesa talhante” de Taiwan, Charlene Zhang tornou-se uma sensação nas redes sociais. A jovem quer usar o seu estatuto para ajudar o negócio de família e quebrar estereótipos.
Charlene Zhang tinha apenas 25 anos quando foi surpreendida por fotografias suas nas redes sociais e nos jornais, que a apelidavam de “princesa talhante” de Taiwan. Estávamos em 2005 e Charlene trabalhava no pequeno talho da sua família.
Rapidamente tornou-se uma sensação em Taiwan, pelo facto de ser uma jovem mulher fotogénica num ramo assoberbado pelo sexo masculino. As mulheres que, de facto, estão na indústria, são tipicamente mais velhas.
“No início, as manchetes chamavam-me bonita e jovem, e eu achava que isso era inútil. Eles estavam apenas a aproveitar o facto de eu ser uma mulher”, disse a jovem taiwanesa à Vice. “Eu escondi-me em casa e recusei sair porque todas as vezes que ia para o talho, havia um jornalista lá”.
A atenção era inesperada, mas também indesejada. Eventualmente, Charlene acabou por se acostumar e aproveitou-a para bem do seu negócio de família.
Agora, seis anos depois, Charlene tornou-se uma das mais conhecidas vendedoras de porco em Taiwan, embora prefira o título de “talhante” a “princesa”.
Ser talhante não era um sonho de menina. Quando a sua avó teve ser operada, Charlene foi chamada a ajudar e acabou por ficar lá até aos dias de hoje. Sem rodeios, admite que só continuou porque a sua fama ajudou a família a vender mais.
Devido à sua fama e experiência, tornou-se uma porta-voz informal da indústria local, que tem travado uma campanha política acalorada contra a carne suína importada da América.
“As pessoas podem escolher o que querem compra. Se você não se preocupa com o sabor ou quer fazer produtos processados de carne de porco, pode comprar carne de porco importada. É mais fácil assim. Mas se você realmente deseja qualidade e frescura, pode ir aos mercados tradicionais”, disse a jovem cujo talho está localizado em Taipei.
Ser talhante em Taiwan nem sempre é visto com bons olhos, com as pessoas a não levarem a arte a sério. Até a avó de Charlene não queria que ela se tornasse talhante.
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Embora a fama tenha trazido mais negócio, o sexismo e o cyberbullying ainda são uma parte inerente da sua vida.
“Quando fui fotografada pela primeira vez, eu estava a usar uma camisola justa e todos falavam sobre o meu corpo”, começou por dizer a jovem talhante. “Então, agora, quando eu trabalho, eu visto roupas feias. Visto roupas largas, como pijamas. Eu nem mesmo uso maquilhagem, a menos que precise de ser fotografada”.
Há alguns anos, Charlene tentou fazer uma live stream a trabalhar para ajudar a aumentar as vendas. Rapidamente tornou-se uma das mais populares streamers de Taiwan e as vendas dispararam. No entanto, viu-se forçada a parar quando alguns homem apareciam no mercado e tentavam segui-la até casa.