Rui Rio escolheu Chaves Monteiro como candidato do PSD à Câmara Municipal da Guarda. A decisão não foi consensual devido a uma controvérsia com a concessão dos transportes públicos na autarquia.
O PSD está de mãos cheias no distrito da Guarda. Passaram quase dois anos desde que o anterior autarca Álvaro Amaro foi constituído arguido num processo de corrupção, prevaricação de titular de cargo político, branqueamento de capitais e participação económica em negócio, relacionado com adjudicação e contratos de parcerias público-privadas (PPP).
Segundo o DIAP de Coimbra, em alguns casos, as empreitadas não chegaram a realizar-se, tendo a empresa arrecadado ganhos ilícitos de 3,5 milhões de euros. No processo, investigam-se suspeitas de favorecimento da transportadora Transdev, que continua a dar pano para mangas na região.
Agora, para as eleições autárquicas de outubro, Rui Rio escolheu Chaves Monteiro, deixando fora da corrida Sérgio Costa, o líder da concelhia e vereador a quem Chaves Monteiro retirou todos os pelouros e a vice-presidência da câmara por alegada “deslealdade institucional”, escreve o jornal Público. A escolha não foi consensual.
A concessão dos transportes públicos na Guarda foi atribuída a uma empresa desconhecida da Amadora, o que gerou um mau-estar na autarquia.
“Quem tratou de 95%, para não dizer 99%, dos ajustes diretos com a Transdev foi Chaves Monteiro, que era vice-presidente desde 2013, e não Álvaro Amaro. O presidente dizia-lhe desde o primeiro mandato para acabar com os ajustes diretos e preparar o concurso público, mas ele adiava sempre, empurrava com a barriga”, disse Sérgio Costa ao Público, há duas semanas.
“Quando o PSD ganhou a autarquia em 2013 tínhamos uma dívida de 500 mil euros à Transdev. Eu tinha o pelouro dos Transportes e o Chaves Monteiro tinha o das Finanças. A certa altura ele começou a fazer reuniões com a Transdev sozinho e os transportes ficaram só com ele”, acrescentou.
Com as responsabilidades atribuídas a Chaves Monteiro, a escolha de Rui Rio não foi bem recebida na Guarda.
Em resposta, Chaves Monteiro atirou: “O vereador é um mentiroso e um falso”.
“Quem manda fazer os ajustes diretos é o presidente da câmara. O Dr. Álvaro Amaro é que mandava na câmara, como eu mando nos meus subordinados. Ele está a mexer-se em vários campos para que isto corra mal nas próximas autárquicas”, disse ainda.
Por sua vez, Álvaro Amaro disse: “Essas afirmações são tão absurdas que nem as comento”. Além disso, recusou-se a pronunciar sobre a escolha do partido para as autárquicas que se aproximam.
Mas será que estes acelos, não encontram gente para governar as autarquias de forma seria e honesta?
Queria-mos dizer acéfalos.