O ministro das Infraestruturas e da Habitação defendeu, este domingo, que o PS não se pode comportar como se tivesse maioria absoluta, mas sim colaborar com BE e PCP porque a geringonça “não pode ser um parêntesis na história”.
Pedro Nuno Santos, que liderou a Juventude Socialista (JS) entre 2004 e 2008, foi o convidado que, este domingo, encerrou o ciclo de formação da JS intitulado “Socialismo: valores, identidade e futuro”, no qual aproveitou para deixar vários alertas.
“Precisamos de aprender a lidar com os partidos à nossa esquerda: saber respeitar quando não concordam connosco, quando nos combatem. Não é com agressividade que vamos conseguir recuperar a colaboração com os outros partidos. É compreendendo-os, é percebendo o que os leva a afastar”, começou por dizer.
“Não nos podemos comportar nem lidar com a governação como se tivéssemos maioria absoluta, quando não temos. Devemos procurá-la ativamente com outros partidos que têm visões semelhantes com as nossas. Esse esforço deve ser feito com o BE e com o PCP”, defendeu o governante.
O ministro das Infraestruturas e Habitação insistiu na aproximação do PS aos seus antigos parceiros da “geringonça”, considerando que, apesar de existirem dentro do partido hesitações que não deveriam ter lugar, é à esquerda que os socialistas conseguem partilhar “uma ideia de liberdade, de igualdade e de fraternidade que depende de um Estado organizado e forte”.
“Se quisermos combater a direita de forma perene, temos de ser capazes de colaborar à esquerda, compreender, aceitar as diferenças e procurar encurtar caminho“, argumentou.
Na perspetiva do socialista que esteve à frente dos Assuntos Parlamentares durante grande parte do período da “geringonça”, “uma democracia avançada precisa de dois blocos distintos”, que passam a existir se não houver enganos em relação a quem se deve o PS aliar.
“Em 2015, fizemos uma grande revolução na forma como interviemos politicamente em Portugal, quando felizmente e finalmente conseguimos superar bloqueios que vinham desde o início da nossa democracia e começámos a trabalhar do ponto de vista nacional – do ponto de vista local já tínhamos conseguido antes – com o PCP e com o BE”, lembrou.
Para Pedro Nuno Santos, o acordo com o PCP e o BE “foi uma vitória muito importante para o país, para a esquerda e para o povo português”. Neste sentido, reiterou uma ideia que já tinha defendido anteriormente de que esta solução governativa “não pode ser um parêntesis na história, antes pelo contrário”.
O ministro lembrou que já são raros os países que na Europa têm um partido que governa sozinho e, portanto, na sua visão, é preciso “cooperar com a esquerda para, aí sim, competir com a direita“, sintetizou.
Todas estas escolhas têm de ser feitas sem esquecer a história do PS, continuou Pedro Nuno Santos, lamentando que no seio do partido haja quem “esteja preso a 1975”, já que “a política mudou, o país mudou, os partidos mudaram”.
“O PCP – hoje também o BE – são elementos fundamentais na construção dessa sociedade mais justa, mais solidária”, afirmou.
Mas o socialista tinha ainda outros avisos para vozes dentro do PS, aquelas que usam algumas figuras históricas, como a de Mário Soares, “para defender as suas posições”.
Para fazer essa evocação da “maior figura do PS”, segundo Pedro Nuno Santos, é preciso lembrar todo o seu percurso, ao longo do qual considera que o histórico socialista “teve sempre razão”, como quando “promoveu os encontros que pressupunham estimular a esquerda a dialogar, a juntar forças”.
“É este o grande ensinamento de Mário Soares: sabermos ler em cada momento os desafios que nós temos e conseguir estar à altura deles”, desafiou.
O ministro disse ainda ser preciso perceber as razões que afastam os eleitores e a sua escolha por projetos extremistas ou populistas.
“A nossa condição muitas vezes faz-nos dar prioridade a temas e preocupações de futuro, mas que estão muito distantes de uma grande parte da população e esta deixa de se sentir representada no discurso, nos programas, nas propostas e nas políticas. Sentem-se esquecidas e afastam-se de nós. Quando aparece alguém que aparentemente fala dos seus problemas, vai ser ouvido mesmo que a forma não seja a mais educada. E muitos vão seguir essas vozes”, afirmou, citado pelo jornal Público.
Para Pedro Nuno Santos, a resposta está nas políticas universais: “A universalidade é o instrumento que nos permite que as políticas não sejam apenas de alguns mas dirigidas a todos, dando como exemplo os manuais escolares.
“É um erro dizer que manuais escolares devem ser só para quem tem necessidades. A escola é para todos. Temos de ter discurso para a maioria do povo. E um programa do século XXI tem de ter isso”.
É preciso “construir o nosso programa”, atirou aos jovens da JS, lançando depois as bases do que acredita ser o programa do futuro do PS: dignificar o trabalho e quem trabalha; contrariar a perda de força do movimento sindical; ampliar e reforçar os serviços públicos; investir na habitação pública; repensar a resposta aos idosos; investir na rede pública de creches; alargar fontes de financiamento da Segurança Social e do sistema público de pensões através da contribuição pelo valor acrescentado das empresas; repensar as deduções fiscais de IRS e IRC; reformular a redistribuição de rendimento e do trabalho, promover o desenvolvimento da economia através de uma política ambiental e de transição climática.
ZAP // Lusa
Claro que se deve vergar à esquerda não democrática. É fartar vilanagem!!!!
mais um saudosista da outra senhora à procura da 4ª república
Já me pronunciei, mais do que uma vez, que quem comenta não se pode esconder atrás de pseudónimos.
É de uma covardia revoltante! Bem haja, Pedro Nuno Santos. A esquerda deve dialogar privilegiadamente com pessoas de esquerda.
Como se o teu nome fosse real…
Bem, posso -me identificar com um nome qualquer, mas o importante é o pseudónimo ou a opinião emitida ????