A chegada do veículo Perseverance da NASA a Marte teve dedo de várias mulheres, umas das quais a portuguesa Florbela Costa, Engenheira Aeronáutica do grupo suíço Maxon que falou com o ZAP sobre a sua participação nesta aventura e sobre o sonho de aterrar no Planeta Vermelho.
Nunca tantas mulheres tiveram lugares de destaque numa missão da NASA como na que mais recentemente permitiu a aterragem do rover Perseverance no Planeta Vermelho.
Várias notícias têm apontado que esta é a missão mais inclusiva de sempre da Agência Espacial norte-americana, com vários filhos de emigrantes e um número assinalável de mulheres com responsabilidades de relevo, incluindo cientistas de ascendência indiana e uma emigrante colombiana que teve de limpar casas de banho para pagar os estudos.
Portuguesa ligada à primeira aeronave a voar em Marte
Na fila da frente das mulheres que comandaram as diversas fases do projecto está Florbela Costa, filha de emigrantes portugueses em França que participou no desenvolvimento do helicóptero Ingenuity, um dos equipamentos que aterrou em Marte em conjunto com o robô Perserverance.
A Engenheira Aeronáutica que trabalha no grupo suíço Maxon foi a gestora técnica do projecto para o desenvolvimento e produção de seis motores que controlam a inclinação das pás do rotor, ou seja, a parte giratória que faz a propulsão, do helicóptero.
O Ingenuity deve realizar o seu primeiro voo no Planeta Vermelho neste mês de Março, “e tem como principal objectivo demonstrar que é possível voar um helicóptero em Marte”, como salienta Florbela Costa em declarações ao ZAP.
“Uma vez que a densidade em Marte é apenas cerca de 1% da densidade da Terra, voar torna-se extremamente difícil e novas tecnologias tiveram de ser desenvolvidas para esse âmbito”, relata.
“Se funcionar como esperado, iremos muito provavelmente ver mais, e maiores, helicópteros a ajudar na exploração espacial”, constata a Engenheira portuguesa.
“Quanto maior a diversidade, maior é a eficiência”
Florbela Costa assume que, como mulher, enfrentou alguns “desafios pelo caminho” na sua carreira na Engenharia Aeronáutica.
“Mas também tive o prazer de observar as mudanças nas mentalidades que aconteceram nos últimos 10 anos, tanto do lado masculino, que promovem mais equipas mistas, como do lado feminino, ao verificar uma maior taxa de aderência de mulheres em cursos de Engenharia e cursos Aeronáuticos/Aeroespaciais”, nota ao ZAP.
Sobre a missão particularmente inclusiva da NASA, Florbela Costa diz que não sabe “se o facto de haver tanta diversidade foi intencional”, mas está certa de que “nenhuma dessas pessoas estaria no lugar em que está apenas devido ao seu país de origem ou género”.
“É uma missão demasiado importante e apenas as pessoas com as correctas qualificações são colocadas nessas posições de relevo”, realça.
A Engenheira sublinha ainda que “quanto maior a diversidade de uma equipa, maior é a sua eficiência e o seu nível de inovação“. “E a NASA mostra-nos exactamente os benefícios que as companhias podem ter ao incluir diversidade nas equipas”, constata.
“Poderá ser uma mulher o primeiro humano em Marte”
Na conversa com o ZAP, Florbela Costa revela que sempre foi “apaixonada pela aeronáutica e pelo espaço”.
“Quando era pequena sonhava em ser astronauta e quando era adolescente quis estudar na Academia da Força Aérea, mas depois de passar todas as etapas de recrutamento, fiquei colocada em 4° lugar e apenas existiam duas vagas para Engenharia Aeronáutica na FAP (Força Aérea Portuguesa)”, conta.
Foi assim que entrou na Universidade da Beira Interior onde tirou o Mestrado em Engenharia Aeronáutica.
“Uma semana depois de acabar os estudos”, como refere Florbela Costa, começou “a trabalhar no CeiiA”, o Centro de Engenharia e Desenvolvimento em Matosinhos, no “projecto fantástico de colaboração com a Embraer”, a fabricante de aviões comerciais brasileira, para o desenvolvimento do KC-390, um avião de transporte táctico e logístico e de reabastecimento em voo.
“Hoje, quando olho para trás, percebo que não poderia ter feito melhores escolhas”, salienta a Engenheira que mantém o bichinho de ser astronauta e o sonho de chegar a Marte.
Em 2019, o administrador da NASA, Jim Bridenstine, referiu que o primeiro humano a aterrar em Marte poderia ser uma mulher. Alguns estudos feitos, nos últimos tempos, apontam que as mulheres podem ter melhores condições biológicas e psicológicas para fazerem essa viagem espacial de longa distância, especialmente por pesarem menos do que os homens e por terem melhores competências de comunicação na resolução de conflitos.
Florbela Costa acredita que “haverá, sem dúvida, mulheres entre o grupo de astronautas na primeira missão a Marte” e que “poderá mesmo ser uma mulher o primeiro humano a caminhar em Marte”. “Já agora, onde é que eu me increvo?”, questiona com o sonho no horizonte.
Uma mulher com um bindi a “dirigir um foguetão”
Na missão da Perseverance a Marte, várias mulheres assumiram a liderança em diferentes áreas do projecto. Swati Mohan, cientista de ascendência indiana, foi uma das que se destacou como líder de operações de orientação, navegação e controle da missão.
Foi Swati Mohan, que chegou aos EUA com apenas um ano de idade, quem teve o privilégio de anunciar que “a Perseverance está em segurança na superfície de Marte, pronta para começar à procura de sinais de vida passada”.
O facto de ter surgido como o rosto do anúncio do sucesso da missão levou muitas pessoas a falarem dela nas redes sociais, nomeadamente a salientarem que a “representação importa”, com mães de origem indiana a reportarem a reacção espantada das filhas por verem Swati Mohan a usar um bindi [o sinal preto entre os olhos que é associado ao Hinduísmo] e a “dirigir um foguetão”.
A roboticista espacial Vandana Varma, outra cientista nascida na Índia, desenvolveu e conduziu o rover Perseverance através de uma tecnologia que ajudou a programar.
Já a astrónoma Moogega Stricker, filha de pai negro e com uma mãe coreana, foi líder da Protecção Planetária da missão para garantir que a Perseverance não transportou para Marte nenhum vírus proveniente da Terra, o que comprometeria a intenção de procurar micro-organismos indígenas.
Outra Engenheira Aeroespacial envolvida no projecto da NASA e que mereceu destaque foi Diana Trujillo, colombiana de 38 anos que foi a directora de voo da missão.
Diana Trujillo chegou aos EUA com apenas 17 anos e 300 dólares no bolso, sem saber falar Inglês. Limpou casas de banho para pagar os estudos e em 2008, tornou-se na primeira mulher de origem hispânica a integrar a Academia da NASA.
O seu trabalho está relacionado com as mãos robóticas que vão colectar materiais na superfície de Marte, no sentido de apurar se alguma vez houve vida no planeta.
As belas flores de Portugal: FLORBELA ESPANCA e FLORBELA COSTA nomes que enaltecem a bela Terra Lusitana; astros de primeira grandeza a brilharem na terra e no ar; musas inspiradoras de notáveis façanhas que alegram os corações. joaoluizgondimaguiargondim – [email protected]
Se for rabugenta que fique por lá!
Ainda vai demorar alguns anos para ser criado um veiculo interplanetario…o que existe ‘e uma lata, cara e com fraca dissipacao de calor na aterragem…
Eu já sonhei muitas vezes que caminhava em Marte… Quando acordei estava todo molhado!