A princesa Latifa está “a ser cuidada em casa”, disse a Família Real, dias após o surgimento de vídeos nos quais acusava o pai – o governante do Dubai – de mantê-la como refém.
Em comunicado enviado pela embaixada dos Emirados Árabes Unidos em Londres, citado pelo jornal britânico The Independent, a Família Real do Dubai disse que gostaria de agradecer àqueles que expressaram preocupação pela bem-estar da princesa Latifa, mas que isso “não reflete a posição real”.
Vídeos aparentemente enviados para os seus amigos e partilhados com redes de notícias esta semana mostraram a princesa Latifa a acusar o seu pai, o governante do Dubai, o xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, de mantê-la como refém numa “villa-prisão”, depois de ter tentado fugir dos Emirados Árabes Unidos em 2018.
“Estou numa villa. Sou refém e esta villa foi transformada numa prisão. Todas as janelas estão fechadas com grades, não consigo abrir nenhuma janela. Há cinco polícias do lado de fora e dois dentro de casa. Nem posso ir à rua apanhar ar fresco“, revela nas imagens divulgadas.
A princesa adiantou que não sabe quando será libertada e que teme pela sua segurança. “Todos os dias me preocupo com a minha segurança e a minha vida. Não sei se vou sobreviver a esta situação. A polícia ameaçou-me, disseram-me que ficarei toda a vida na prisão e não voltarei a ver o sol outra vez”, acrescenta. A situação “está a ficar desesperante a cada dia que passa”. “Só quero ser livre (…). Não sei o que estão a planear fazer comigo“, realça.
O xeque Mohammed negou repetidamente as acusações e disse que estava a agir nos melhores interesses da sua filha.
No entanto, um tribunal do Reino Unido concluiu que o poderoso governante orquestrou os sequestros das suas duas filhas Latifa e da sua irmã mais velha Shamsa e “continua a manter um regime pelo qual essas duas jovens são privadas de liberdade”.
A situação da princesa Latifa chamou a atenção do mundo pela primeira vez quando apareceu num vídeo lançado em 2018, detalhando como queria escapar de Dubai e que havia tentado anteriormente em 2002.
Em março de 2018, a princesa conseguiu fugir num iate, mas foi capturada na costa da Índia por um grupo de homens armados e regressou aos Emirados.
O seu paradeiro e estado de saúde permaneceram desconhecidos até dezembro desse ano, quando o governo dos Emirados divulgou uma imagem, onde a princesa aparece com Mary Robinson, ex-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Depois de Latifa, a princesa Haya, sexta mulher do emir do Dubai, fugiu do Dubai para o Reino Unido, disposta a conseguir o divórcio, mas temendo pela sua vida. Haya e os dois filhos poderão estar sob proteção da família real britânica.
Em junho do ano passado, outra jovem gravou um vídeo a pedir ajuda para escapar dos seus pais. Maitha al Maktum, garantiu que não aguentava mais e que planeava sair na mesma noite. Como Latifa, uma das filhas do emir de Dubai, a sua prima Maitha queria fazer com que essa mensagem a protegesse do esquecimento. “Se me apanharem, estou morta”, disse.
Claro que está a ser “tratada” como a ditadura (que faz de conta que e um país moderno civilizado) dos Emirados costuma tratar os dicidentes!…