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Após maratona de 16h, CDS perde mais dois membros da direção. Mesquita Nunes faz mira às autárquicas

Paulo Novais / Lusa

Francisco Rodrigues dos Santos passou no teste da moção de confiança à rasca, Adolfo Mesquita Nunes decidiu respeitar os resultados e não forçar um concelho extraordinário, e a direção do CDS-PP perdeu, este domingo, mais dois dos seus membros.

O resultado chegou tarde, já na madrugada de domingo, depois de uma maratona de 16 horas. A moção de confiança à comissão política nacional do CDS foi aprovada por 144 (54,4%) votos a favor, 113 contra e oito abstenções num universo de 265 votantes.

No mesmo dia, a direção do CDS perdeu mais dois dos seus membros: Pestana Bastos e Tiago Oliveira. Os dois vogais do órgão de cúpula dos democratas-cristãos pediram a demissão logo após a reunião virtual do concelho nacional.

“Confirmado. Se voto contra a moção dessa direção, tenho de retirar as ilações. Não posso votar a favor de um congresso e ficar. Entendo que um congresso era necessário para clarificar o rumo do partido. A moção de confiança não é suficiente para relegitimar uma direção”, disse Pestana Bastos à Lusa.

A outra “baixa” do dia foi a do antigo presidente da distrital do Porto da Juventude Popular, Tiago Oliveira, que também defendia um congresso eletivo antecipado.

Desde o final de janeiro, demitiram-se vários membros da direção do CDS-PP, maioritariamente afetos ao grupo Juntos pelo Futuro – cuja moção teve 14,45% dos votos no último congresso e integrou a direção após um acordo com Francisco Rodrigues dos Santos – deixando críticas à atuação da liderança.

A 28 de janeiro, o até então vice-presidente do CDS-PP Filipe Lobo d”Ávila e os vogais da Comissão Executiva Raul Almeida e Isabel Menéres Campos anunciaram que pediram a demissão dos respetivos cargos. No dia seguinte, também os vogais da Comissão Política Nacional do CDS-PP Paulo Cunha de Almeida e José Carmo deixaram a direção, enquanto José Maria Seabra Duque e Tiago Leite saíram do gabinete de estudos do partido.

Entretanto, saíram também José Miguel Garcez, da Comissão Executiva, bem como Altino Bessa e João Medeiros, que eram vogais da Comissão Política Nacional. Francisco Kreye, da Comissão Política Nacional e que é secretário-geral da JP desde os tempos em que Rodrigues dos Santos era presidente da organização juvenil, também deixou o posto.

Mesquita Nunes aponta para as autárquicas

“Fiz aquilo que a consciência me ditava: alertar o partido para uma crise de sobrevivência”, escreveu Adolfo Mesquita Nunes no Facebook, logo após o conselho nacional. O antigo vice-presidente centrista assumiu respeitar o resultado e acrescentou que, “Agora, há eleições autárquicas e nelas estarei empenhado na minha terra [Covilhã]”.

Se Mesquita Nunes se candidata à liderança do partido depois das autárquicas é um mistério que dependerá da avaliação do estado do CDS nessa altura. De acordo com o Público, o crítico só será candidato à liderança se o partido for salvável.

João Almeida, que também defendia um congresso antecipado, também assumiu estar concentrado “no trabalho do Parlamento e nas autárquicas”. O diário escreve que o deputado costuma concorrer a órgãos municipais em São João da Madeira (Aveiro).

Na sua intervenção final, Francisco Rodrigues dos Santos mostrou a sua vontade de “manter as seis câmaras” e aumentar o número de mandatos. Para isso, pediu a mobilização dos militantes para as autárquicas em coligação ou listas próprias e prometeu que saberá “ler os contributos e as críticas”.

“Quero pedir-vos que o nosso partido possa beneficiar, finalmente, de um clima de paz interna sem querelas”, pediu o líder centrista.

A porta-voz Cecília Anacoreta Correia pediu um “mandato reforçado” aos conselheiros nacionais e atacou diretamente Adolfo Mesquita Nunes ao dizer que quem “executou uma linha política e perdeu 13 deputados não é um salvador da pátria”.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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