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Milagre de Berna ou fim do comunismo. Afinal, o que levou à queda do futebol húngaro?

Nos anos 50, a Hungria tinha uma das seleções mais talentosas do mundo. Do Milagre de Berna ao fim do comunismo, afinal, o que levou à queda do futebol húngaro?

Quando pensamos nas maiores potências do futebol mundial, a Hungria é um país que certamente não nos vem à cabeça. Perdida no 40.º lugar do ranking da FIFA, a seleção húngara é maioritariamente composta por jogadores da liga doméstica que, também ela, não tem uma reputação de destaque.

A verdade é que nem sempre foi assim e, se recuarmos algumas décadas, a Hungria era uma das seleções mais fortes na cena europeia e mundial. Em 1938, chegou à final do Campeonato do Mundo, onde acabaria derrotada pela Itália, por 4-2. Mas a sua era dourada surgiria alguns depois.

Nos anos 50, a equipa que ficou conhecida para a História como “Os Mágicos Magiares”, encantava o mundo com o seu futebol.

Treinada por Gusztáv Sebes, a seleção contava com estrelas como Ferenc Puskás, Zoltán Czibor, Sándor Kocsis, Nándor Hidegkuti, József Bozsik e Gyula Grosics. A equipa esteve imbatível durante 32 jogos consecutivos, um recorde que ainda permanece até hoje a nível de seleções.

No Mundial de 1954, a Hungria perdeu, por 3-2, na final contra a Alemanha Ocidental, equipa que tinham derrotado por 8-3 na fase de grupos. O encontro ficou conhecido como “O Milagre de Berna”.

O percurso da Hungria na competição estava a ser imaculado, tendo despachado nações como o Brasil e o Uruguai para chegar até à final. A Alemanha Ocidental jogava o seu primeiro Mundial desde que tinham sido banidos após a 2.ª Guerra Mundial. A Hungria entrava em campo com confiança e como clara favorita.

A partida não podia ter começado de melhor forma para a Hungria, que volvidos oito minutos, já vencia por 2-0, com golos de Puskás e Czibor. No entanto, a réplica germânica não tardou e, em apenas dez minutos, a Alemanha Ocidental empatou o encontro. A machada final chegou já aos 84 minutos, com um golo de Helmut Rahn que deu a vitória aos alemães.

“Ainda não tinha caído em mim quando estávamos juntos a ouvir o hino nacional. Estávamos todos de mãos dadas, tamanha era a amizade profunda de toda a equipa”, disse o central alemão Jupp Posipal, citado pela FIFA, nos minutos que se seguiram à conquista do troféu.

O desgosto da Hungria foi ainda mais intenso quando, anos mais tarde, uma equipa de investigadores fez uma descoberta polémica.

Um estudo da história do doping no desporto alemão revelaria que a equipa vencedora do Mundial de 1954, que supostamente tomava vitamina C antes do jogo, na verdade, recebeu metanfetaminas, o “mesmo estimulante dado à tripulação de tanques e aos pilotos da Luftwaffe durante a 2.ª Guerra Mundial”.

Depois da conquista, a Alemanha entrou numa senda de grandes triunfos, enquanto a Hungria nunca mais recuperou do duro golpe.

Luz ao fundo do túnel?

Depois do fim do regime comunista, o futebol húngaro entrou em decadência. Os grandes clubes como Ferencvaros, Budapest Honved e Ujpestetc enfrentaram problemas financeiros. Como resultado deixaram de ter as instalações adequadas para continuar a produzir grandes talentos.

A geração de ouro da Hungria desapareceu e, com ela, não havia talento suficiente à altura do desafio. A seleção nunca mais chegou a um Mundial desde 1986 e o Ferencvaros, um dos clubes mais históricos do país, esteve recentemente na segunda divisão devido a problemas financeiros.

Só recentemente, em 2016, é que a Hungria conseguiu pôr fim a um jejum de 44 anos sem se qualificar para o Campeonato Europeu. O percurso terminou nos oitavos de final, mas a Hungria conseguiu ficar no topo do grupo F, que contava com Portugal, Islândia e Áustria. O encontro frente à Seleção das Quinas terminou em 3-3.

Embora continue com um conjunto de jogadores humildes, há uma luz ao fundo do túnel. Dominik Szoboszlai, avançado húngaro de 20 anos, é um dos maiores talentos do futebol mundial. O antigo jogador do Red Bull Salzburgo estava a ser perseguido por meio mundo, mas este inverno decidiu assinar pelo RB Leipzig, da Alemanha. Benfica e FC Porto foram dois dos clubes que tentaram a contratação do “Cristiano Ronaldo húngaro”.

Daniel Costa, ZAP //

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