O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, está a ser pressionado para impor um confinamento nacional dentro de alguns dias, uma vez que mais de 40 países fecharam fronteiras com o país para impedir a disseminação de uma nova variante do coronavírus.
O jornal britânico The Guardian relata que conselheiros científicos do Governo alertaram que a inação pode custar dezenas de milhares de vidas e causar um “desastre económico, humano e social”.
Num entrevista coletiva em Downing Street, Boris tentou tranquilizar os líderes mundiais de que a Grã-Bretanha tinha respondido rapidamente.
“Espero que todos possam ver que assim que fomos informados como governo sobre a rápida transmissibilidade desta nova estirpe, entregámos todas as informações necessárias à Organização Mundial de Saúde. E tomámos medidas imediatas e decisivas no dia seguinte para conter a disseminação da variante no Reino Unido”, disse.
Boris disse ainda que os atrasos no frete através do Canal da Mancha afetaram uma pequena proporção dos alimentos que entram no Reino Unido. Os ministros pediram às pessoas que evitem o pânico de açambarcar alimentos.
Downing Street insistiu que as medidas impostas no fim de semana, que colocaram Londres e áreas no sul e leste de Inglaterra em confinamento, poderiam controlar a propagação da variante.
Porém, a mensagem das autoridades de saúde e cientistas foi muito diferente. Numa declaração conjunta, os diretores de saúde pública da Grande Manchester disseram que qualquer pessoa que chegue à região de uma área de nível 4 ou do País de Gales, que também está em regime de confinamento, se deve isolar por pelo menos 10 dias.
Casos da mutação, que se acredita espalhar-se entre pessoas com até 70% mais eficiência, foram detetados em todo o Reino Unido.
Patrick Vallance, principal conselheiro científico do Governo britânico, disse que a nova estirpe estava “em toda parte” e que os casos iriam aumentar depois da “mistura inevitável” no Natal.
“A lição que acho que se precisa de aprender sobre este vírus é que é importante estar à frente dele em termos de ações”, disse Vallance. “Acho que é provável que isto cresça em número da variante em todo o país e, portanto, acho que é provável que as medidas precisem de ser aumentadas em alguns lugares no devido tempo – e não reduzidas”.
Na sequência do surgimento desta nova estirpe, vários países optaram por fechar as portas ao Reino Unido. A Suécia anunciou ter encerrado a fronteira com a Dinamarca, alegando motivos de saúde, já que foram detetados casos da nova estirpe.
Portugal optou por restringir a entrada no país de cidadãos portugueses, com residência em Portugal ou pessoal diplomático e requerer que trouxessem um comprovativo de realização de um teste pelo método PCR com resultado negativo à covid-19.
Bélgica, Gibraltar (território britânico situado no extremo sul de Espanha e reivindicado por Madrid), Dinamarca e Austrália são os mais recentes países e territórios onde a nova variante do coronavírus responsável pela doença da covid-19 foi identificada, cuja presença já tinha sido confirmada anteriormente nos Países Baixos e Itália.
Em Portugal não foi identificada, até ao momento, a nova estirpe do SARS-CoV-2.
OMS diz que a nova variante “não está fora de controlo”
A nova variante do coronavírus descoberta no Reino Unido, “não está fora de controlo”, disse esta segunda-feira o responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela área das emergências sanitárias.
“Tivemos um R0 (taxa de reprodução do vírus) muito superior a 1,5 em momentos diferentes durante esta pandemia e controlámos isso. Esta situação não está, portanto, fora de controlo”, disse Michael Ryan em conferência de imprensa.
O especialista da OMS reforçou que não existem indícios científicos de que a nova estirpe do coronavírus identificada no Reino Unido cause uma infeção mais grave ou afete a eficácia dos testes de diagnóstico e das vacinas.
As autoridades britânicas informaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) “que não acreditam que isso terá qualquer impacto sobre a vacina“, disse Maria Von Kerkhove, chefe da equipa técnica anti-covid, na conferência de imprensa, em Genebra.
A especialista confirmou que a nova estirpe é mais contagiosa, o que explica que no Reino Unido a taxa de transmissibilidade do vírus (quantas pessoas são contaminadas por cada infetado) tenha passado de 1,1 para 1,5, coincidindo com a sua propagação.
O virologista lembrou que esta variante do SARS-CoV-2 é conhecida “desde o mês de setembro” e que atualmente representa “60% das novas infeções no Reino Unido”.
A OMS esclareceu que a variante não é a mesma descoberta na África do Sul. A confusão surgiu do facto de as estirpes terem sido identificadas quase em simultâneo. “Os vírus sofrem mutação, é natural e temos que esperar por isso”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa.
Maria Campos, ZAP // Lusa
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