PCP critica competição entre autarcas para ver quem vai mais longe nas restrições. Comunistas acusam Governo de esconder e branquear a falta de respostas para o reforço do SNS e admitem, excecionalmente, a contratualização de privados para reforçar a oferta de autocarros da STCP.
A Direção da Organização Regional do Porto do PCP reforça que o regresso do estado de emergência e a imposição do recolher obrigatório, medidas pedidas esta terça-feira numa “ação concertada entre autarcas do PS do Grande Porto”, “agravariam ainda mais os problemas económicos e sociais” que as famílias e muitas PME já enfrentam.
De acordo com os comunistas “o que está a haver é uma competição entre autarcas para ver quem vai mais longe nas restrições, no alarmismo e na propagação do medo”, referem em comunicado.
No mesmo documento, ao qual o Expresso teve acesso, o PCP lembra que o despique é um problema já verificado há meses “quando os presidentes de Câmara se atropelaram a alugar hotéis e montar hospitais de campanha em todo o lado”. Os comunistas consideram que as medidas foram tomadas “sem articulação com entidades sanitárias nem ajustamento com a realidade”, tendo-se “comprovado depois serem desnecessárias”.
O discurso do PCP surge em resposta à posição da Proteção Civil do Distrito do Porto, liderada pelo socialista Marco Martins, também presidente da Câmara do Gondomar, que, após reunião com os autarcas locais, avançou que “houve unanimidade dos presidentes de câmara quanto à necessidade do estado de emergência”. O autarca do norte defendeu ainda ser favorável à medida de recolher obrigatório no distrito.
Apesar de todos os municípios da Área Metropolitana do Porto fazerem parte do mapa dos 121 concelhos em semi-confinamento, o PCP está contra a “forma concertada” como os autarcas “alarmam, falam de preocupações e do aumento de casos, reclamam restrições e limitações, mas não fazem nenhuma crítica “ao que não foi feito e devia ter sido feito”.
Na opinião do PCP, a atitude dos autarcas não passa de uma tentativa de “esconder e branquear a falta de respostas do governo para o reforço do SNS, em particular dos hospitais do distrito”. “Esta realidade está identificada há tempo suficiente para que fossem tomadas medidas”, nota Jaime Toga, responsável pela Organização Regional do PCP do Porto .
“O que os autarcas não disseram e é efetivamente preciso é o reforço das camas hospitalares, das equipas de cuidados intensivos e a resposta na área da Saúde Pública onde faltam centenas de profissionais, designadamente médicos, enfermeiros e outros técnicos”, acrescenta a direção do partido.
Outro problema destacado pelo PCP é a “sobrelotação” dos transportes públicos na Área Metropolitana do Porto. Para garantir as medidas sanitárias nos autocarros, Jaime Toga avança que o partido, em situações excecionais como a atual admite a contratualização com privados para o reforço de carreiras, caminho que, frisa, “está assumido no distrito face à ausência de viaturas da STCP, mas de forma insuficiente”.
Jaime Toga aponta ainda como solução o recurso por parte da STCP a autocarros do serviço de excursões, que com a queda de turistas “podem ser afetos ao serviço regular de passageiros”.
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