Apresentado como único medicamento anti-viral eficaz no combate à covid-19, foi o primeiro medicamento aprovado pela FDA, regulador farmacêutico americano, no tratamento da doença. Agora, a sua eficácia é contestada — e os negócios milionários à sua volta, dos Estados Unidos a Portugal, levantam dúvidas.
Em maio deste ano, a reguladora norte-americana Food and Drug Administration autorizou o uso condicional do remdesivir, desenvolvido pela farmacêutica Gilead, para o tratamento de covid-19, depois de um estudo ter sugerido que o medicamento reduzia o tempo de internamento hospitalar de infetados com o vírus.
O medicamento tem desde então sido usado generalizadamente em todo o mundo, em pacientes hospitalizados com covid-19, mesmo que não se encontrem dependentes de ventiladores para respirar. Milhares de infetados norte-americanos receberam o tratamento, incluindo o presidente Donald Trump. Em julho, já 133 pacientes tinham sido tratados com remdesivir em Portugal.
Em junho, a Agência Europeia do Medicamento recomendou a aprovação condicional do remdesivir na Europa, e em julho a Comissão Europeia deu luz verde à comercialização do antiviral, que se tornou assim o primeiro medicamento autorizado ao nível da União Europeia para tratamento da Covid-19.
No entanto, ao contrário das expectativas iniciais geradas pelo medicamento, o remdesivir parece não ser capaz de reduzir as mortes entre os pacientes com covid-19. De acordo com um estudo patrocinado pela OMS, o remdesivir não tem “impacto significativo” nos doentes com covid-19.
O estudo, publicado a 15 de outubro no medRxiv, envolveu mais de 11.200 pessoas de 30 países diferentes, que foram tratadas com remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir e Interferon-β1a, e concluiu que nenhum medicamento reduziu as mortes entre os pacientes — nem a necessidade de recorrerem a ventilador.
Segundo se conclui do estudo, o “remdesivir não tem nenhum impacto significativo na sobrevivência” à covid-19, diz Martin Landray, professor de medicina e epidemiologia da Universidade de Oxford.
Suspeitas e controvérsias em negócio milionário
A 22 de outubro, uma semana após a divulgação do estudo, e apesar das suas conclusões, a FDA concedeu à Gilead autorização plena para uso do remdesivir em pacientes hospitalizados com covid-19.
Na mesma data, em Portugal, a Direção-Geral da Saúde anunciou que nos próximos seis meses irá adquirir mais de 100.000 frascos de remdesivir, com a designação comercial Veklury, para tratamento de doentes com covid-19. Com a compra, o Governo “pretende cobrir as necessidades assistenciais dos doentes” entre outubro de 2020 e março de 2021.
A decisão foi tomada em Conselho de Ministros e anunciada pela ministra da Saúde, Marta Temido, que explicou que “a aquisição de mais de cem mil frascos” terá um custo de cerca de 35 milhões de euros, uma vez que cada um custa 345 euros.
Entretanto, esta quarta-feira, a Gilead Sciences anunciou que o medicamento antiviral rendeu à fabricante, no terceiro trimestre do ano, 766 milhões de euro. Com as vendas do remdesivir, o grupo viu o seu volume de negócios trimestral aumentar 17%, para 6,58 mil milhões de dólares. A empresa voltou também a ser rentável.
Estes resultados financeiros terão sido fortemente influenciados pelos acordos que os Estados Unidos e a União Europeia celebraram com a biofarmacêutica — negócios que, realça o jornal Público, se encontram “no centro de uma complicada discórdia“.
A polémica chegou às páginas da revista Sience, que esta quarta-feira dedica ao assunto um artigo com o título de “O muito, muito mau aspeto” do remdesivir, o primeiro medicamento contra a covid-19 aprovado pela FDA“.
“Estranho caso dos €35 milhões por um medicamento que não funciona“, realça também a Sábado, que questiona a aposta de Marta Temido no antiviral — uma decisão anunciada após o estudo que questiona a sua eficácia, quando em 5 meses apenas 133 doentes foram tratados em Portugal, e adquirido a uma empresa “com que a atual ministra da Saúde já se cruzou várias vezes no seu passado nas administrações hospitalares”.
Segundo algumas fontes citadas pela Science, a empresa farmacêutica já tinha sido informada a 23 de Setembro das conclusões preliminares do estudo, mas, discordando dos seus resultados, terá optado por não os divulgar aos responsáveis que negociaram o acordo pela UE.
Em nota à imprensa, a 16 de outubro, a Gilead diz ter tomado conhecimento de que “os resultados iniciais do Estudo Solidarity, promovido pela OMS, foram tornados públicos antes de serem divulgados numa publicação revista por pares“.
“Os dados apresentados parecem inconsistentes com a evidência mais robusta proveniente de vários estudos aleatórios e controlados, divulgados em publicações revistas por pares, que validam o benefício clínico do remdesivir”, sustenta a empresa no comunicado.
Certo é que independentemente da eficácia do medicamento, inicialmente desenvolvido sem sucesso contra a febre hemorrágica do Ébola, o antiviral continua a ser administrado de forma generalizada pelas entidades hospitalares no tratamento da covid-19. Na ausência de qualquer alternativa com eficácia comprovada, parece ser entendimento médico que, se o remdesivir não funcionar, pelo menos mal não fará.
E certo é também que, enquanto a eficácia do medicamento não for comprovada, governantes e responsáveis de saúde pública em todo o mundo serão sempre confrontados com um dilema intemporal. Presos por ter cão, e presos por não ter.
a história volta a repetir-se, recomendo a leitura deste artigo do jornal alemão SPIEGEL… “Reconstruction of a Mass Hysteria The Swine Flu Panic of 2009″
esses 35€ que uma vez mais os srs governantes estoiraram, a par dos quase meio milhõa na app, por certo serviriam para no mínimo aumentar a disponibilidade de uns qtos hospitais, mas pelos vistos a história realmente repete-se tb por cá mas nos moldes a que estamos habituados, “com que a atual ministra da Saúde já se cruzou várias vezes no seu passado nas administrações hospitalares”.”
correcção, €35M
A farmacêutica agora enche os bolsos com milhões de euros ao preço especulativo que bem entende, mas caso se confirme que afinal o medicamento não serve para nada e que pelo contrário ainda poderá causar transtornos colaterais, a mesma deveria ser obrigada a devolver esse valor aos lesados, serviria de exemplo para no futuro essa e outras trabalharem mais a sério e honestamente.
20/06/201 – Os sete pecados mortais:
Dos sete pecados mortais a avareza é o príncipe, seguido do orgulho e da vaidade, procedendo a inveja, a preguiça, a ira, a gula e a luxúria.
Neste mundo terreno, material, nada do que temos nos pertence, no final do ciclo da vida de cada um, tudo nos é retirado, e cada um seguirá o caminho que escolheu segundo as suas convicções e acções.
Muitos, viveram e vivem neste mundo tendo como doutrina as tentações acima referidas, não se preocupando com o caminho que escolhem, mas um dia, tudo lhes é retirado, até o próprio corpo, e nesse dia será tarde para redimir o espírito, aquele que é o seu verdadeiro eu.
Não se preocupem em acumular riqueza neste mundo sobretudo, espezinhando, escravizando e especulando o seu semelhante, porque o dia virá em que retornaremos ás origens tal como viemos, sem nada, só o nosso eu, e aí, segundo as nossas acções, haverá ranger dentes.
Tudo nos é permitido, fazer o bem ou o mal, cada um escolhe as suas opções e destino mas, devemos preocupar-nos em escolher bem o terreno onde queremos semear as nossas acções, do lado bom ou do lado mau, porque mais tarde quando nos for retirado até o próprio corpo, seremos chamados a justificar a nossa escolha.
“ ai daquele que fizer mal ao meu filho mais pequenino, o que fizer a ele faz a Mim “.
Estes medicamentos não reduzem as mortes, claro que não, estão mortos, apenas contribuem para curar os vivos…
Fora de brincadeiras, o problema é sempre o mesmo, dinheiro, grandes enriquecimentos à custa dos mais fracos.
Nenhum medicamento presta por isso deixa-se morrer o povo, é mais rentável assim. (quem sabe…)
Os 35M€ podem-se juntar aos 179M€ das máscaras, aos muitos M€ dos ventiladores que ainda não saíram das caixas e a outros despesismos efectuados pelos políticos com poder.
Enriquecimento sem causa já foi crime,mas isso era coisa de outro regime…
No tratamento para COVID-19, os estudos mostraram insuficiência respiratória, biomarcadores sanguíneos que causam danos aos órgaos, incluindo baixos níveis de alumínio, hipocalemia, baixa contagem de células vermelhas, redução do número de plaquetas – que amenizam com a coagulação -, e coloração amarelada da pele. Outros estudos apontaram efeitos colaterais como problemas gastrointestinais, níveis elevados de transaminase (enzimas no fígado), e reações alérgicas.[4]
Outros possíveis efeitos adversos do remdesivir incluem:
Aparição de reações alérgicas após a aplicação do remdesivir.[5] Sinais e sintomas típicos de alergia podem incluir: baixa pressão sanguínea, nausea, vômitos, suor, e tremores.[5]
Aumento anormal de enzimas no fígado, vistos nos exames de sangue.[5] Os níveis aumentados ficaram evidentes rapidamente nos pacientes que foram tratados com remdesivir, o que pode incluir sinais de inflamação, ou danos nas células do fígado.[5]