A justiça francesa quer reunir com Rui Pinto para inquirir o autor de Football Leaks e obter as senhas que permitirão às autoridades aceder aos discos que o hacker entregou antes de ser detido em Budapeste, em janeiro de 2019.
No final de 2018, antes de ser detido em Budapeste, Rui Pinto foi a Paris para entregar às autoridades francesas cópias da informação que tinha em mãos e esteve perto de entrar num programa de proteção de testemunhas do país. Porém, regressou a Budapeste e foi detido em janeiro de 2019, acabando por ser extraditado para Portugal a 21 de março.
Um procurador do Parquet National Financier (PNF) enviou esta semana uma carta ao Tribunal Central de Instrução Criminal a manifestar interesse em ouvir Rui Pinto e a anunciar que, em breve, formalizará um pedido de cooperação às autoridades portuguesas.
O semanário Expresso avança que o procurador francês pretende solicitar às autoridades portuguesas as senhas que já permitiram ao Ministério Público (MP) começar a analisar os documentos dos discos apreendidos a Rui Pinto em Budapeste.
O PNF quer “avançar com a sua própria investigação baseada nos mesmos ficheiros eletrónicos que estavam na posse de Rui Pinto antes de ele ser detido”.
Além disso, a justiça francesa também formalizará um pedido para ouvir Rui Pinto para “ter um melhor conhecimento do conteúdo dos ficheiros”.
O Expresso recorda que esta não é a primeira vez que França tenta ouvir Rui Pinto. Em fevereiro, o PNF formulou um pedido de cooperação para reunir com o autor de Football Leaks, em França. Porém, a pandemia de covid-19 acabou por inviabilizar as pretensões do Ministério Público francês.
O MP acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da FPF e da Procuradoria-Geral da República.
Rui Pinto está a ser julgado por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.
Além da criação da plataforma Football Leaks, Rui Pinto é também responsável pelo processo Luanda Leaks, em que a empresária angolana Isabel dos Santos é a principal visada.
Rui Pinto, que desde 8 de abril se encontrava em prisão domiciliária e proibido de aceder à Internet, está agora numa casa-abrigo do programa de proteção de testemunhas.