O presidente do PSD lamentou esta terça-feira que, por causa da Festa do Avante, Portugal seja, no estrangeiro, um “exemplo negativo” no combate à pandemia.
“Temos o país a duas velocidades. Temos uma velocidade normal para tudo aquilo que é normal no país e uma velocidade especial para a questão da Festa do Avante. Portugal já foi exemplo no estrangeiro na luta contra a pandemia, exemplo positivo. Infelizmente, agora esta questão da Festa do Avante até já é exemplo negativo no estrangeiro”.
O líder do PSD referia-se ao artigo publicado no jornal norte-americano The New York Times que descreve a lotação permitida para a Festa do Avante como “invulgarmente alta” para um evento na Europa nesta altura.
Rui Rio, que falava à margem de uma visita ao Centro Hospitalar de São João, no Porto, considerou que se a situação já era má, com o exemplo que está a ser dado, é “ainda pior”, esperando, contudo, que confiança que os outros países depositam em Portugal pela forma como tem gerido a pandemia não seja afetada.
Para o presidente do PSD, a autorização para a realização da Festa do Avante representa “uma cedência especial ao PCP“, na medida em que “não se justifica, não tem racionalidade”. “Mais nenhum partido faz isto, suspenderam todos estas aberturas, e repare nós suspendemos a abertura (rentrée política do PSD) e não é nenhum festival, é mesmo uma espécie de comício político. Aqui, é uma festa, bem organizada, diga-se de passagem, e que tem mérito. Acho que o PCP tem mérito em fazer a Festa do Avante, mas não em 2020. Em 2020 não faz sentido”, insistiu.
Para o social-democrata, ainda que com falhas, o Governo deveria ter sido coerente “do princípio a fim”. Neste caso, salientou, “já não é uma falha, é um erro realmente grave” permitir um evento com mais de 16 mil pessoas, “quando é isso que nós temos de evitar”, a dias da entrada do estado de contingência.
Falha o Governo e o PCP
Para Rio, nesta matéria falha em primeiro lugar o PCP “porque insiste em fazer aquilo que não devia fazer” e falha, em segundo lugar, o Governo que o permite. “Se [as linhas de contágio] vierem a ser identificadas, naturalmente, aí, é ao contrário, em primeiro lugar [a responsabilidade] é do Governo e do Partido Comunista em segundo”, defendeu.
O líder do PSD admitiu ainda que é lícito pensar que a autorização para a realização da Festa do Avante é uma forma de o Governo “cair nas boas graças” do PCP numa altura em que estão em curso negociações no âmbito do Orçamento de Estado de 2021.
A 44.ª edição da Festa do “Avante!”, que se realiza entre 4 e 6 de setembro, só vai ter lugares sentados nos diversos espetáculos, incluindo no maior e principal palco denominado 25 de Abril, segundo o Plano de Contingência divulgado pelo PCP.
A organização da Festa do Avante! “tem a responsabilidade” de aplicar várias medidas para reduzir o risco de infeção e para a saúde pública por propagação da doença covid-19 durante o evento, afirma o parecer da DGS esta segunda-feira divulgado.
A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já provocou pelo menos 851.071 mortos e infetou mais de 25,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.822 pessoas das 58.012 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
ZAP // Lusa
Perante a insensatez de colocar 28 alunos e um professor numa sala de aula ao mesmo tempo que se impede ajuntamentos com mais de 10 pessoas na rua (a partir de 15 de setembro), até parece mais seguro ir à Festa do Avante. No que respeita a essa iniciativa, uma vez que vai realizar-se, parece-me mais sensato retirar as ilações no fim, porque não há dúvida, no que se vai dizendo, está ativo um preconceito político. Na verdade, as condições sanitárias impostas são bastante restritivas e se forem cumpridas tornam o evento razoavelmente seguro, tão seguro, pelo menos, como estar na esplanada de um café.
Mas, QUEM VAI FISCALIZAR SE AS CONDIÇÕES DA DGS SÃO CUMPRIDAS?