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Separatistas do Iémen abdicam da autonomia. Acordo de partilha do poder com o Governo mais próximo

nyc / Flickr

A guerra civil no Iémen estende-se desde março de 2015

Os separatistas do sul do Iémen anunciaram esta quarta-feira que abdicam da autonomia, afirmando estarem prontos para implementar o acordo de Riade, que prevê a partilha do poder com o Governo, segundo o porta-voz da fação armada.

O porta-voz do Conselho de Transição do Sul, Nizar Haitham, anunciou no Twitter que o grupo “renuncia à sua declaração de autonomia”, a fim de permitir a aplicação do acordo de Riade, noticiou a agência Lusa.

No final de junho, o Presidente do Iémen, Abd Rabbo Mansour Hadi, exilado na Arábia Saudita, tinha instado os separatistas a “pôr fim ao derramamento de sangue” e a respeitar um acordo de partilha do poder, nas primeiras declarações que fez sobre a declaração de autonomia do Sul, em abril.

O conflito entre o Governo do Iémen, apoiado pela Arábia Saudita, e os separatistas, apoiados por sua vez pelos Emirados Árabes Unidos, representa uma guerra dentro da guerra no Iémen.

O acordo de Riade foi assinado em novembro de 2019 e prevê a partilha do poder no Iémen do Sul entre Governo e separatistas, mas não foi posto em prática. A Arábia Saudita declarou esta quarta-feira que tinha proposto um novo plano para “acelerar” a implementação do acordo, que prevê a criação de um novo Governo no prazo de 30 dias.

De acordo com a agência oficial da Arábia Saudita, a nova proposta saudita prevê compromissos, como a formação de um Governo composto por 24 ministros, com igual representação para o norte e sul, incluindo os separatistas.

Durante a guerra, os dois estados árabes sunitas, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, foram parceiros numa coligação militar que luta para expulsar os rebeldes xiitas houthi, aliados ao Irão, que se apoderaram do norte do Iémen em 2014.

O impasse entre as duas frentes aliadas deu origem a conflitos violentos, ameaçando abalar a coligação liderada pela Arábia Saudita e complicando os esforços para pôr fim ao conflito, que matou mais de 112 mil pessoas.

No final de junho, a coligação militar liderada por Riade tinha destacado observadores sauditas para vigiar a aplicação de um cessar-fogo entre as forças pró-governamentais e os combatentes separatistas, após confrontos no Sul.

O Iémen encontra-se numa profunda crise e mergulhado na guerra, depois de os huthis terem derrubado o Governo de Hadi, em 2014, exilado na Arábia Saudita. Os sauditas envolveram-se na guerra em 2015, comandando a coligação árabe que apoia Hadi.

De acordo com as Nações Unidas, o Iémen enfrenta a maior crise humanitária a nível mundial, com cerca de 80% da população dependente de ajuda de emergência.

// Lusa

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