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A pandemia poupou os habitantes de uma pequena ilha italiana (mas não os turistas)

Na pequena ilha italiana Isola del Giglio, na região de Toscana, alguns turistas ficaram infetados com covid-19, o que causou preocupação. Porém, todos os habitantes foram poupados.

De acordo com a Fox News, nenhum dos cerca de 800 habitantes da Isola del Giglio, em Itália, desenvolveu sintomas de covid-19, embora as condições parecessem favoráveis para a doença se espalhar rapidamente.

Armando Schiaffino, o único médico da ilha há cerca de 40 anos, mostrou-se preocupado com um possível surto local. “Sempre que aparece uma doença comum na infância, como escarlatina, sarampo ou varicela, em poucos dias praticamente todos estão infetados”, disse.

Paola Muti, investigadora de cancro da mama da Universidade de Milão, , decidiu tentar descobrir porque é que, desta vez, a doença não se estava a espalhar. Nessa altura, Muti estava presa na ilha devido às rígidas regras de bloqueio de Itália.

O primeiro caso conhecido de covid-19 em Giglio foi um homem de 60 anos que chegou em 18 de fevereiro – alguns dias antes do primeiro “caso nativo” de Itália ser diagnosticado no norte. O homem foi a Giglio para o funeral de um parente e estava “a tossir o tempo todo”. O homem, que voltou no mesmo dia para o continente, morreu três dias depois.

O padre da ilha, Lorenzo Pasquotti, lembrou que “depois do funeral, houve saudações, abraços e beijos”, como é costume. Depois, veio a procissão até ao cemitério, onde “houve mais abraços e beijos”.

Em 5 de março, quatro dias antes do bloqueio nacional, mais três visitantes vieram do continente e testaram positivo na ilha. Um deles era um alemão do norte de Itália, o epicentro inicial do surto da Europa, que socializou durante vários dias com amigos de longa data em Giglio, inclusive em restaurantes públicos. Depois de uma semana, devido a uma tosse forte, foi testado na ilha e o resultado foi positivo.

Havia outros casos conhecidos, incluindo um ilhéu que tinha morado na Austrália durante dois anos antes de voltar para Giglio em meados de março, durante o confinamento, para ver os pais. Três dias depois de chegar a Giglio, desenvolveu febre leve e testou positivo.

Giglio recebeu kits para testar a presença de anticorpos para ver se outras pessoas poderiam ter covid-19. No final de abril, pouco antes das primeiras restrições de viagens serem levantadas, os habitantes da ilha fizeram o exame de sangue, alinhando-se do lado de fora da escola e do consultório médico da ilha.

Dos cerca de 800 residentes, 723 ofereceram-se para serem testados. Destes, apenas um tinha anticorpos: um homem idoso que navegou no mesmo ferry que o visitante alemão.

Muti não chegou a nenhuma conclusão quando se preparava para deixar a ilha, mas sugere que os ilhéus não tenham sido suficientemente expostos à covid-19 para ficarem infetados.

Essa possibilidade também foi expressa por Massimo Andreoni, chefe de doenças infecciosas do hospital Tor Vergata, em Roma, que observou que alguns pacientes eram simplesmente menos capazes de espalhar a doença por razões que ainda não eram claras.

Para Daniel Altmann, professor de imunologia no Imperial College de Londres, pode ter sido sorte ou “algo importante e exótico”, como uma variante genética comum entre a população da ilha. Como muitos dos habitantes se casaram entre si durante gerações, Muti gostaria de fazer um estudo genético sobre os ilhéus.

ZAP //

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