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“Desconfinamento político” traz críticas à atuação do Governo durante o estado de emergência

Tiago Petinga / Lusa

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

Entre exigências e críticas, da esquerda à direita, o Governo não conseguiu manter o clima de unidade nacional na última análise ao estado de emergência.

Esta quinta-feira, na Assembleia da República, avaliou-se o estado de emergência e, da esquerda à direita, as críticas fizeram-se ouvir. Com a chegada do desconfinamento, desconfinou-se também a política e chegou ao fim o ambiente de unidade nacional.

Numa análise ao relatório do terceiro e último período do estado de emergência, o Governo e os partidos com assento parlamentar decidiram fazer um balanço a todo o modelo que nunca havia sido aplicado em democracia.

Segundo o Expresso, o PSD acusou o Governo de o deixar sozinho na espécie de “colaboração” que determinaram desde o início. Segundo os sociais-democratas, o Executivo não ajudou quando “acelerou rapidamente para o desconfinamento político”, com a polémica Centeno-Novo Banco, ou quando “eufemisticamente não andou bem”, com falhas como os atrasos dos pagamentos no lay-off.

Mais uma razão para o PSD considerar que o Governo nem sempre foi um parceiro à altura tem a ver com o perdão de penas a presos, um ponto de grande discordância política.

O Iniciativa Liberal acusou o PS de ter tendência para se “confundir com o Estado” e mostrar uma “costela totalitária” ao criticar, no relatório, os que não participaram numa “comunhão de vontades política”. Já o CDS, na voz de Telmo Correia, disse que “pedir a um Governo do PS que resista à propaganda é o mesmo que pedir a um alcoólico que deixe de beber ou a um toxicodependente que deixe de consumir”.

A celebração do 1.º de Maio na Alameda, em Lisboa, também mereceu fortes críticas, tanto do CDS como do PAN, que criticaram os comunistas, mas também o Governo por conceder privilégios aos “partidos mais próximos”.

À esquerda, o PCP sublinhou as suas “reservas” sobre a necessidade do estado de emergência e lembrou que houve questões de emergência social e económica que ficaram por resolver.

O deputado socialista Pedro Delgado Alves reconheceu as falhas nos apoios sociais ou nos transportes públicos e prometeu que o PS acolherá as sugestões de melhoria vindas de todos os partidos, da esquerda à direita.

“Propaganda era dizer que tudo correu bem”, rematou Marta Temido, ministra da Saúde. Já Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, sublinhou várias vezes as provas da “maturidade da democracia” dadas durante o estado de emergência.

Por fim, o governante disse que, no início da próxima semana, o Governo discutirá com os partidos a resposta económica e social e, “nessa resposta, contamos com todos”. “É esse o caminho do futuro, com a maturidade que a democracia portuguesa demonstrou durante o estado de emergência.”

ZAP //

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