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Cadáveres de vítimas de Covid-19 podem ser contagiosos

Marco Ottico / EPA

Um médico forense de Banguecoque, na Tailândia, terá sido infetado com Covid-19 após estar em contacto um cadáver. Um novo estudo recentemente divulgado indica que o profissional de saúde tornou-se no primeiro caso de infeção e morte entre o pessoal de medicina forense.

De acordo com o estudo, publicado no Journal of Forensic and Legal Medicine a 11 de abril, o médico acabou por morrer devido à infeção por coronavírus, tornando-se no primeiro caso registado de “infeção e morte por Covid-19 entre o pessoal médico de uma unidade de medicina forense”, escreveram os investigadores no relatório.

Na época em que o relatório foi escrito, a 19 de março, apenas 272 pessoas na Tailândia – incluindo o médico forense e um auxiliar de enfermagem – haviam testado positivo para o novo coronavírus, noticiou o Scientific American.

A maioria dos casos era importado, sendo improvável que o médico tenha sido infetado fora do trabalho, disseram os responsáveis. “Há uma hipótese baixa de profissionais de medicina forense entrarem em contato com pacientes infetados, mas podem ter contato com amostras biológicas e cadáveres”, escreveram no relatório.

Não é surpreendente que o corpo de um paciente com Covid-19 recentemente falecido possa ser contagioso, indicou o médico Otto Yang, professor do Departamento de Medicina e de Microbiologia, Imunologia e Genética Molecular da David Geffen School of Medicine da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

“Absolutamente, um corpo morto pode ser contagioso durante horas, se não dias”, disse à Live Science. “O vírus ainda estará presente em secreções respiratórias e, potencialmente, ainda se estará a reproduzir em células que ainda não morreram nos pulmões”.

A longevidade da Covid-19 pode ser um problema para as pessoas na indústria funerária. Após relatos de que templos na Tailândia se recusavam a prestar serviços funerários às vítimas do coronavírus, o chefe do Departamento de Serviços Médicos do país anunciou incorretamente, que a doença não era contagiosa após a morte dos infetados, recordou o Buzzfeed News.

Não está claro, no entanto, quanto tempo o vírus permanece infecioso num cadáver.

À luz dessa descoberta, os médicos forenses devem tomar precauções ao examinar os restos mortais de pacientes com Covid-19, referiram os investigadores. Estes profissionais devem usar equipamento de proteção, incluindo fato, luvas, óculos e máscara, podendo recorrer ainda ao procedimento de desinfeção usado nas salas de operação.

Geralmente, os agentes patogénicos não sobrevivem tempo suficiente para se espalharem após a morte da vítima, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Os restos humanos representam apenas um risco substancial para a saúde apenas em alguns casos, como mortes por cólera ou febre hemorrágica”, como o Ébola, informou a OMS.

Outras doenças contagiosas em restos humanos incluem tuberculose, vírus transmitidos pelo sangue (como hepatite B e C e VIH) e infeções gastrointestinais (incluindo E. coli, hepatite A, infeção por Salmonella e febre tifóide), acrescentou a organização.

ZAP //

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