Por todo o país, há 900 escolas destinadas a filhos de médicos, enfermeiros, bombeiros e polícias “praticamente vazias”. Os pais têm medo de deixar lá as crianças.
Embora as aulas tenham sido suspensas a todos os alunos, ainda há quase 900 escolas abertas para os filhos dos médicos, enfermeiros, bombeiros e polícias. No entanto, os estabelecimentos de ensino estão “praticamente vazios”, uma vez que estes profissionais têm medo de deixar lá as crianças, alerta a Ordem dos Enfermeiros.
O surto do novo coronavírus levou à aplicação de medidas extremas e o Governo de António Costa encerrou mesmo todas as atividades letivas, entre 16 de março e 13 de abril. No entanto, segundo o ECO, todos os agrupamentos têm uma escola aberta para receber os filhos de trabalhadores dos serviços públicos essenciais e para assegurar refeições aos alunos mais carenciados.
“Os trabalhadores de serviços essenciais não aderiram à iniciativa do Governo e não colocaram os seus filhos nas chamadas escolas de acolhimento”, denuncia o líder da Fenprof, Mário Nogueira.
A Fenprof adianta ainda que estes espaços são “verdadeiros nichos de risco acrescido”, uma vez que as crianças que lá estão pertencem a famílias de elevado risco de contágio.
“Num momento em que se apela aos portugueses que não saiam de casa, que evitem o contacto social, que se evitem os grupos de pessoas e que se encerraram as escolas, por poderem ser foco de contágio, as famílias de trabalhadores de serviços essenciais, como se esperava, não quiseram que os seus filhos corressem ainda mais riscos“, explica o sindicato dos professores.
Os dados recolhidos pela Fenprof mostram que apenas 20 alunos em todo o país estão a usar estes estabelecimentos, embora haja 900 escolas abertas.
“Nos contactos efetuados com as escolas ficou também a saber-se que mesmo em relação ao serviço de refeições, disponibilizados para os alunos mais carenciados, a esmagadora maioria deles não compareceu nas escolas“, acrescenta o sindicato, citado pelo ECO.
Por sua vez, a Ordem dos Enfermeiros também critica a decisão do Governo em manter estas escolas abertas. “Desde a publicação do despacho, há apenas três dias, a Ordem dos Enfermeiros recebeu centenas de mails que relatam uma situação de medo, preocupação e injustiça entre os profissionais de saúde”, acautela.
“A Ordem dos Enfermeiros não pode deixar de manifestar a sua discordância com esta situação, alertando para uma questão que coloca em risco os filhos dos profissionais de saúde e, por conseguinte, os próprios profissionais, numa altura em que estes se encontram na linha da frente”, acrescenta a Ordem liderada por Ana Rita Cavaco.
Coronavírus / Covid-19
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