António Costa começou, esta quarta-feira, a sentar-se à mesa com os seis presidentes dos municípios afetados pela construção do aeroporto do Montijo. Os autarcas da Moita e do Seixal, os comunistas Rui Garcia e Joaquim Santos, mantêm a recusa ao projeto.
Após o encontro com o primeiro-ministro, Rui Garcia e Joaquim Santos reiteraram a posição contra o projeto de construção do aeroporto do Montijo, mas afirmaram estar disponíveis para dialogar com o Governo.
À saída de uma “reunião de emergência”, que decorreu em Lisboa, com o primeiro-ministro e com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, os autarcas da Moita e do Seixal (distrito de Setúbal) defenderam que a melhor localização para o novo aeroporto é o Campo de Tiro de Alcochete (situado nos concelhos de Benavente, distrito de Santarém, e Montijo, distrito de Setúbal).
“A conclusão da reunião foi continuarmos a conversar, mas naturalmente saímos na base das mesmas posições que tínhamos antes, uma análise aos impactos fortemente negativos que esta opção tem sobre o território do concelho da Moita”, declarou o autarca Rui Garcia, recusando uma inversão da posição do município, que emitiu parecer desfavorável ao projecto.
Para o presidente da Câmara da Moita, a localização Montijo para construção da infraestrutura “tem inevitavelmente um conjunto vasto de consequências que parece difícil de ultrapassar”.
“Mas não fechamos a porta a continuarmos a conversar”, ressalvou Rui Garcia, recusando utilizar palavras como “intransigência e inflexibilidade” para classificar o parecer desfavorável do município da Moita.
Da parte do município do Seixal, o presidente Joaquim Santos disse que o Governo não apresentou “nenhum argumento” que alterasse o parecer desfavorável da autarquia, adiantando que a justificação do primeiro-ministro para que seja esta a localização se prende com “questões contratuais” com a ANA – Aeroportos de Portugal.
Defendendo que a localização no Campo de Tiro de Alcochete é “uma boa solução” para a construção do novo aeroporto, o presidente da Câmara do Seixal considerou que as questões contratuais que obrigam o Estado ao projeto no Montijo “não defendem o interesse nacional, defendem o interesse de uma multinacional“.
Assim, Joaquim Santos manifestou a convicção de que “é perfeitamente possível” que o Governo dê “um passo atrás para dar dois à frente”, recuando na opção Montijo e investindo em Alcochete.
Antes da reunião, os autarcas comunistas já tinham dito que não acreditam no “milagre” do consenso sobre a nova base aérea na Margem Sul.
Ao Público, o autarca da Moita disse não ter expectativa que, “por milagre, saia uma solução para esta diferença de opiniões”. “Até ao momento não surgiu nenhum dado novo nesta equação. E se não há nada novo nesta equação, com que fundamento podemos nós alterar a nossa posição?”
Joaquim Santos também bate o pé, mostrando-se ainda mais irredutível. “Espero que após a reunião se esteja a falar de Alcochete, em vez do Montijo“, referiu. “Gostaria de saber por que razão o Governo insiste no Montijo quando os estudos dizem que Alcochete é melhor. O senhor primeiro-ministro, quando era presidente da Câmara de Lisboa e quando estava no Governo de José Sócrates, concordava com a opção Alcochete. Agora, como primeiro-ministro, decide ao contrário. Há-de haver uma razão forte.”
Rui Garcia não admite a hipótese de negociação de contrapartidas, enquanto que Joaquim Santos responde na mesma moeda ao apelo de Costa ao bom senso. “Os autarcas têm bom-senso, defendem o interesse nacional e o interesse das populações. Espero encontrar-me com um Governo que defenda o interesse nacional e não o de uma multinacional.”
Autarcas socialistas dizem “sim” ao aeroporto
Os autarcas socialistas, que vão estar em larga maioria nesta reunião com o primeiro-ministro, mostram-se menos irredutíveis nas suas posições de parecer positivo ao projeto para o Montijo.
Uma das câmaras a dizerem “sim” é a do Barreiro, pela voz do autarca Frederico Rosa, que afirma que a obra é “uma oportunidade para potenciar esta região da margem sul”. A construção do novo aeroporto no Montijo “era uma oportunidade de ouro para concretizar as ligações Barreiro – Montijo e Barreiro – Seixal e saírem finalmente do papel”, disse, em declarações ao ECO.
Nuno Canta, presidente da Câmara do Montijo, também é favorável ao projeto, defendendo que esta infraestrutura no Montijo “permite maior coesão territorial e social entre a área metropolitana de Lisboa”. “É sem dúvida um grande investimento para Setúbal.”
No núcleo dos que preferem não adiantar posições encontram-se os autarcas de Alcochete e de Lisboa.
Contactado pelo diário económico, Fernando Pinto, presidente da Câmara de Alcochete, não quis fazer comentários. Contudo, segundo a Declaração de Impacte Ambiental, emitida em janeiro, a autarquia aprovou o projeto, assim como as autarquias do Montijo, Barreiro e Almada, todas de gestão socialista.
Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, também não adiantou qualquer comentário, ainda que tenha admitido que não há tempo a perder numa solução.
LM, ZAP // Lusa
Espero que os habitantes dos concelhos que hoje bloqueiam a localização Montijo, façam justiça brevemente nas urnas, já que os seus filhos provavelmente continuaram a ter de atravessar a ponte para ir para Lisboa trabalhar à conta destes srs. e sras.
É só mafiosos metidos neste negócio.
Mais um aeroportozinho à porta do cliente tal como o da Portela, se um dia houver o azar de um avião cair sobre uma zona habitacional não faltarão críticas internacionais a deitar abaixo a opção portuguesa.
Mas também se se optasse por um local deserto, não faltariam licenças de habitação para construir o mais próximo possível do aeroporto, é a mentalidade e oportunismo português no seu melhor.