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Passos Coelho ataca falhas de Costa (e revela que segurou Maria Luís)

O antigo primeiro-ministro Passos Coelho esteve na apresentação do livro de Carlos Moedas no El Corte Inglés, onde aproveitou para criticar António Costa. Passos preferiu falar do passado, lembrando o momento em que esteve perto de perder a sua ministra das Finanças.

Sem nomear António José Seguro ou António Costa, que disputavam a liderança do PS em 2014, Passos Coelho leu, de acordo com o semanário Expresso, algumas das declarações dos dois socialistas a propósito da escolha de Carlos Moedas para comissário Europeu. Seguro dizia que Moedas era uma escolha de “natureza partidária”, sem “peso político”. Costa concordava: “Foram escolher para comissário alguém que é o mais ortodoxo dos ortodoxos”.

A escolha de Maria João Rodrigues, a preferida do PS para ocupar o cargo, “teria sido o júbilo do país, tal o peso político da eurodeputada”, comentou Passos, referindo-se, implicitamente, ao facto de a eurodeputada ter ficado de fora da lista do PS para as últimas eleições europeias, após ser investigada por assédio moral no Parlamento Europeu.

“E agora o atual Governo faz uma avaliação positiva“, notou Passos. De facto, depois de muito crítico da escolha de Carlos Moedas, o atual primeiro-ministro acabou a tecer elogios ao social-democrata. “O país deve muito a Carlos Moedas”, disse Costa, em agosto.

“Devemos pesar melhor o que dizemos e assim evitamos andar a fazer política”, aconselhou o antigo-primeiro-ministro.

Passos revela que segurou Maria Luís

Carlos Moedas esteve para não ser comissário europeu, segundo Pedro Passos Coelho. Apesar ter sido sempre o nome na cabeça do então chefe de Governo, Jean-Claude Juncker tentou dissuadir o social-democrata e forçar a escolha de Maria Luís Albuquerque. “A questão era complexa e eu aceitei equacionar”, assumiu.

Assim, de acordo com o Jornal Económico, Maria Luís Albuquerque “não tinha pedido” para ser comissária europeia e a hipótese resultou de “uma insistência” de Jean-Claude Juncker.

No entanto, esse período coincidiu com os primeiros sinais evidentes da crise no BES e do processo que resultaria na resolução do banco. A pasta prometida a Maria Luís foi a que seria tutelada por Valdis Dombrovskis, responsável pelo Semestre Europeu e vice-presidente.

José Sena Goulão / Lusa

Pedro Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque

“O BES inspirava a maior das preocupações e era uma semana crítica se o BES iria sobreviver ou não”, revelou. “Jean-Claude Juncker, não posso indicar a minha ministra das Finanças. Mas garanto-te: não ficas pior”, disse Passos, ao telefone com o então presidente da Comissão.

Passos disse ainda que nunca desejou a pasta dos Fundos Estruturais. “Não sei como é que este o Governo a quis – somos grandes beneficiários dos fundos – a não ser para fazer propaganda no país, não serve para mais nada”, atirou. Aliás, o antigo primeiro-ministro acrescentou que o seu Governo tinha “interesse em tudo”, menos na pasta responsável pela gestão dos fundos comunitários.

O antigo primeiro-ministro assumiu que aconselhou Carlos Moedas a recusar a pasta dos Assuntos Sociais, como parecia ser essa a vontade de Juncker. Carlos Moedas acabou por ficar com a pasta da Investigação, Ciência e Inovação, ficando assim o comissário português responsável pelo maior programa-quadro de sempre de investigação e inovação da UE, o Horizonte 2020.

De acordo com o jornal Público, Passos elogiou Moedas pela coragem de tomar posições políticas enquanto exerceu o mandato, mas não falou diretamente do futuro político no PSD do agora administrador da Gulbenkian. “Não sei o que quer fazer na vida, faça bom uso do que foi recolhendo pelo caminho”, rematou.

ZAP //

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