O primeiro-ministro, António Costa, recusou revelar qual é a pasta atribuída a Elisa Ferreira na próxima Comissão Europeia, mas assegurou que ela “corresponde aos interesses próprios de Portugal” na União Europeia.
António Costa, que falava à imprensa ao lado de Elisa Ferreira, afirmou que a questão foi tratada por ambos com a presidente da próxima Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, mas que há “um compromisso” de ser a presidente a anunciar.
“A única coisa que posso dizer é que é uma pasta em que seguramente Elisa Ferreira fará um excelente papel e que é uma pasta que corresponde aquilo que são os interesses próprios de Portugal no contexto da UE e do contributo que podemos dar”, disse o primeiro-ministro.
Costa admitiu, no entanto, que a escolha de Elisa Ferreira, implica, em si, que a pasta será numa área adequada ao perfil da economista.
“O perfil de Elisa Ferreira exclui à partida a probabilidade de ir desempenhar pelouros que, independentemente da sua competência política, porventura exigiriam outro tipo de competências, como por exemplo a área da justiça, dos assuntos internos, das migrações, para as quais teríamos escolhido uma pessoa com outro perfil”, disse.
“No momento próprio Ursula Von der Leyen anunciará“, insistiu.
“Agenda vai permitir tirar Europa da desorientação”
Elisa Ferreira está confiante que a nova Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, poderá avançar com uma agenda europeia que quebre com desorientação.
“Estou completamente confortável com o texto do programa que a Comissão vai seguir. Estão reunidas as condições para darmos um salto positivo na agenda europeia e sair de uma certa desorientação em que a Europa, especialmente depois da crise, caiu e que quebrou até um pouco a relação afetiva dos europeus com o projeto”, afirmou Elisa Ferreira, à saída da residência oficial de António Costa, sublinhando que, nesse contexto, “Portugal é um pequeno oásis na Europa”.
Segundo o Eco, Elisa Ferreira explicou ainda que não conhecia van der Leyen pessoalmente até às duas conversas tidas recentemente, mas que avalia o seu programa de forma muito positiva. “Com equipa unida e qualificada há condições para darmos um salto positivo na agenda europeia e sairmos de uma certa desorientação em que a Europa recentemente caiu.”
Costa agradece a Carlos Moedas
O primeiro-ministro agradeceu esta quinta-feira a Carlos Moedas por ter sido “um incansável defensor dos portugueses e de Portugal” enquanto membro da Comissão Europeia que cessa funções a 31 de outubro.
Carlos Moedas, que na Comissão liderada por Jean-Claude Juncker tem a pasta da Ciência e Inovação, foi recebido na residência oficial do primeiro-ministro. “Foi para mim sempre motivo de grande satisfação testemunhar todos os elogios que ouvi de todos os meus colegas e o enorme reconhecimento que em toda a Europa encontrei ao excelente trabalho desenvolvido por Carlos Moedas”, disse Costa à imprensa após o encontro.
“Enquanto primeiro-ministro, quero também agradecer a forma impecável como mantivemos sempre um relacionamento muito estreito. Sempre respeitando a independência própria de um comissário europeu, Carlos Moedas foi um incansável defensor dos portugueses e de Portugal, em todas as circunstâncias“, sublinhou.
António Costa assegurou que “o país deve muito” a Carlos Moedas, cuja ação “foi absolutamente essencial” nomeadamente em “algumas circunstâncias muito difíceis” que Portugal viveu “nos últimos quatro anos”.
Moedas, que há cinco anos foi indicado para o cargo pelo governo de coligação PSD-CDS/PP liderado por Pedro Passos Coelho, agradeceu por seu turno a António Costa a “lealdade extraordinária” e “a confiança pessoal”. “Uma relação institucional com o primeiro-ministro que correu sempre tão bem, porque, no fundo, a nossa relação estava acima dos partidos, era Portugal, lutar sempre para representar Portugal o melhor possível”, disse.
O comissário cessante congratulou-se por outro lado com a evolução da ciência em Portugal nos últimos cinco anos, a qual considerou “um bocadinho” o seu legado, que se traduziu num aumento significativo dos fundos para a ciência.
“Quando cheguei, [Portugal] só tinha à volta de 500 milhões de euros em fundos de ciência, quando vou deixar esta minha posição como comissário europeu, já estará nos mil milhões em relação aos fundos da ciência. É esse um bocadinho o meu legado“, concluiu.
ZAP // Lusa