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Matteo Renzi boicota reunião (e Governo italiano pode cair)

O antigo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse nesta sexta-feira que o Governo pode cair, após o seu pequeno partido ter boicotado uma reunião do executivo devido a uma contestada reforma na Justiça. O primeiro-ministro, Giuseppe Conte, disse estar pronto para se demitir.

O partido Itália Viva, de Renzi, faz parte da coligação no Governo, com a formação anti-sistema 5 Estrelas e o Partido Democrático (PD). Porém, o antigo chefe do Governo tem estado no centro das polémicas dentro do executivo, que tomou posse em setembro.

Apesar de as sondagens lhe darem cerca de 4% das intenções de voto, o apoio do Itália Viva é crucial no Parlamento e no Senado, onde a maioria do governo é muito ténue.

Na quinta-feira, conta o jornal Público, o gabinete aprovou uma reforma do Estatuto de Limitação, que anula os processos penais, exceto quando se trata de delitos muito graves como assassínio, se não se chegar a um veredicto num espaço de tempo estabelecido. O 5 Estrelas argumenta que os julgamentos arrastam-se excessivamente, mantendo os suspeitos em liberdade.

O Estatuto já tinha sido abolido parcialmente na coligação anterior, entre o 5 Estrelas e a Liga. Porém, Renzi quer eliminar a reforma porque pôr um limite de tempo ao sistema judicial é essencial para proteger as liberdades civis.

O partido de Renzi ameaçara apresentar uma moção de censura contra o ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, alto dirigente do 5 Estrelas. “Se isto acontecer, agirei em conformidade”, disse o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, sugerindo que se demitia. “Não queremos substituir o Itália Viva por outro partido na coligação, mas eles têm que dizer claramente o que querem”.

Uma sondagem mostrou que só 8% dos italianos consideram que Renzi está a agir em nome do interesse do país, enquanto 85% dizem que é motivado por interesses próprios.

“Em teoria, esta tensão pode levar à queda do Governo, mas isso não deve acontecer para já, e esperamos a diminuição da tensão que se viveu ontem [quinta-feira]“, disse num comunicado a Unicredit, depois de a bolsa ter aberto sem alertas apesar da crise política. Segundo o banco, uma crise no Governo não levará à dissolução imediata do Parlamento ou à antecipação de eleições, pelo menos até ao referendo sobre a reforma da Constituição, marcado para o final de março.

ZAP //

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