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Livro de John Bolton pode prolongar julgamento de Donald Trump

 

Michael Reynolds / EPA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Ao segundo dia de defesa dos advogados da Casa Branca no julgamento do impeachment de Donald Trump, caiu uma “bomba” no Senado. O livro escrito por John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional do Presidente dos Estados Unidos, pode representar um ponto de viragem no processo.

O rascunho de um livro do antigo conselheiro de segurança nacional, John Bolton, revela a forma como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lhe falou da sua determinação em reter a ajuda militar, no valor de 391 milhões de dólares, à Ucrânia até que Kiev concordasse em investigar o rival democrata Joe Biden.

Bolton pretende publicar o manuscrito de “The Room Where It Happened”, (“A Sala Onde Aconteceu”), com edição marcada para 17 de março – e já pôs a circular algumas passagens do livro, excertos aos quais o jornal norte-americano The New York Times teve acesso.

Em reação, durante encontros com líderes israelitas, Trump afirmou que “não viu ainda” o manuscrito do novo livro do seu ex-conselheiro, mas que “nada foi dito” a John Bolton.

No primeiro dia do julgamento do processo, a 21 de janeiro, o Partido Democrata apresentou onze emendas às questões procedimentais do julgamento, mas todas foram chumbadas pelos republicanos. Assim, decidiu-se que haverá um período de seis dias para discussões, três para a acusação e outros três para a defesa de Trump, que será seguido de um dia de perguntas por parte dos 100 senadores, que atuam como júri no julgamento, antes do debate e da votação final.

Os democratas queriam convocar testemunhas, nomeadamente o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, e o ex-conselheiro de segurança nacional, John Bolton, e requisitar documentos antes do fim do julgamento, mas McConnell recusou.

Ainda assim, agora, de acordo com o jornal norte-americano The Washington Post, o senador republicano Pat Toomey comentou a possibilidade de se negociar com os democratas o depoimento de Bolton em troca do de uma testemunha que os republicanos queiram chamar. Apesar de considerar que “testemunhas adicionais não são necessárias”, o senador republicano Ted Cruz sublinhou que gostaria de chamar o filho de Joe Biden, Hunter Biden, como testemunha.

John Bolton despedido em setembro por Trump, quando Donald Trump procura aberturas diplomáticas com dois dos inimigos mais intratáveis ​​dos Estados Unidos, esforços que são divergentes das ideias de pessoas como Bolton, que vê a Coreia do Norte e o Irão como não confiáveis. No final do ano passado, Bolton mostrou-se disponível para testemunhar, dando a entender que pode revelar informação sobre Donald Trump, com um misterioso “estejam atentos”.

O Senado tem maioria republicana: 53 contra 47. Assim, os democratas só precisam do apoio de quatro republicanos para terem a maioria necessária para convocar as testemunhas. Já o impeachment em si necessita de uma maioria de dois terços para que Trump seja efetivamente destituído.

O Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar o seu rival político e ex-vice-Presidente Joe Biden.

Esta chamada, cuja transcrição foi revelada na última semana após a queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment presidencial. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.

Mais tarde, o Governo australiano confirmou que houve uma segunda chamada, em que Donald Trump pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller. O governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar.

A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.

ZAP //

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