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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
Ao segundo dia de defesa dos advogados da Casa Branca no julgamento do impeachment de Donald Trump, caiu uma “bomba” no Senado. O livro escrito por John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional do Presidente dos Estados Unidos, pode representar um ponto de viragem no processo.
O rascunho de um livro do antigo conselheiro de segurança nacional, John Bolton, revela a forma como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lhe falou da sua determinação em reter a ajuda militar, no valor de 391 milhões de dólares, à Ucrânia até que Kiev concordasse em investigar o rival democrata Joe Biden.
Bolton pretende publicar o manuscrito de “The Room Where It Happened”, (“A Sala Onde Aconteceu”), com edição marcada para 17 de março – e já pôs a circular algumas passagens do livro, excertos aos quais o jornal norte-americano The New York Times teve acesso.
Em reação, durante encontros com líderes israelitas, Trump afirmou que “não viu ainda” o manuscrito do novo livro do seu ex-conselheiro, mas que “nada foi dito” a John Bolton.
No primeiro dia do julgamento do processo, a 21 de janeiro, o Partido Democrata apresentou onze emendas às questões procedimentais do julgamento, mas todas foram chumbadas pelos republicanos. Assim, decidiu-se que haverá um período de seis dias para discussões, três para a acusação e outros três para a defesa de Trump, que será seguido de um dia de perguntas por parte dos 100 senadores, que atuam como júri no julgamento, antes do debate e da votação final.
Os democratas queriam convocar testemunhas, nomeadamente o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, e o ex-conselheiro de segurança nacional, John Bolton, e requisitar documentos antes do fim do julgamento, mas McConnell recusou.
Ainda assim, agora, de acordo com o jornal norte-americano The Washington Post, o senador republicano Pat Toomey comentou a possibilidade de se negociar com os democratas o depoimento de Bolton em troca do de uma testemunha que os republicanos queiram chamar. Apesar de considerar que “testemunhas adicionais não são necessárias”, o senador republicano Ted Cruz sublinhou que gostaria de chamar o filho de Joe Biden, Hunter Biden, como testemunha.
John Bolton despedido em setembro por Trump, quando Donald Trump procura aberturas diplomáticas com dois dos inimigos mais intratáveis dos Estados Unidos, esforços que são divergentes das ideias de pessoas como Bolton, que vê a Coreia do Norte e o Irão como não confiáveis. No final do ano passado, Bolton mostrou-se disponível para testemunhar, dando a entender que pode revelar informação sobre Donald Trump, com um misterioso “estejam atentos”.
O Senado tem maioria republicana: 53 contra 47. Assim, os democratas só precisam do apoio de quatro republicanos para terem a maioria necessária para convocar as testemunhas. Já o impeachment em si necessita de uma maioria de dois terços para que Trump seja efetivamente destituído.
O Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar o seu rival político e ex-vice-Presidente Joe Biden.
Esta chamada, cuja transcrição foi revelada na última semana após a queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment presidencial. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.
Mais tarde, o Governo australiano confirmou que houve uma segunda chamada, em que Donald Trump pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller. O governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar.
A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.