A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública abandonou as negociações com o Governo sobre as medidas a incluir no próximo Orçamento do Estado, indignada com os aumentos salariais de 0,3% propostos pelo Executivo.
Segundo relatou aos jornalistas a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, a comitiva sindical aguardou a chegada do secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, entregou um documento a exigir 90 euros de aumento salarial e abandonou a sala.
“É um insulto não vale a pena qualquer discussão”, disse a dirigente, prometendo “uma resposta forte” por parte dos trabalhadores do Estado.
“Não faz sentido estarmos numa negociação suplementar quando sabemos quais são as intenções que o Governo tem para os trabalhadores da administração pública para os aumentos dos salários”, afirmou a Ana Avoila, poucos minutos depois de ter sido recebida pelo secretário de Estado da Administração Pública.
A Frente Comum dá assim por fechada a negociação com o Governo, que definiu que os aumentos salariais da Função Pública serão de 0,3%, acompanhando o valor da inflação registada em novembro em 2019.
De acordo com o Dinheiro Vivo, a estrutura sindical vai reunir já no próximo dia 19, visando decidir formas de luta. “Não faz sentido nenhum pactuar numa mesa com uma coisa que é um insulto para os trabalhadores”, afirmou a coordenadora da Frente Comum, insistindo num “aumento mínimo de 90 euros por trabalhador.”
Governo rejeita fixar regra para aumento
A líder bloquista, Catarina Martins, criticou esta quinta-feira os aumentos propostos pelo Governo para a Função Pública, considerando o valor inaceitável.
A coordenadora do Bloco de Esquerda deixou no ar que o o Executivo poderia estar a pensar criar uma regra fixa para essas subidas. “É boa a ideia de criar na legislação um princípio de aumento anual da Função Pública. É importante que o Governo negoceie com os sindicatos. Deve haver negociação coletiva também na administração pública, Agora os números não podem ser esses, estes números são absolutamente inaceitáveis”, disse Catarina Martins, em entrevista à RTP3.
No entanto, o Governo diz que, apesar de os aumentos deste ano estarem serem baseados inflação, o objetivo no futuro não passa por aí. “Não vamos pôr na lei. [Isso] seria matéria de negociação, matéria de reflexão”, esclareceu o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, citado pelo Jornal de Negócios.
A proposta apresentada “é a proposta para 2020 e 2021”, acrescentou.
ZAP // Lusa