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Homem fez-se passar por assessor de Marcelo para roubar donativos para Pedrógão

António Cotrim / Lusa

Um homem fez-se passar por assessor de Marcelo Rebelo de Sousa tentar enganar os donos do Grupo Solverde e da Casa Ermelinda Freitas, pedindo dinheiro para as vítimas de Pedrógão Grande, que foi devorada pelas chamas num incêndio em 2017.

Segundo conta o semanário Expresso, Manuel Violas, presidente do Grupo Solverde, receber um telefonema de um homem, que se identificou como Duarte Vaz Pinto, “adjunto do Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa” e que tinha um assunto urgente para tratar, quando ia apanhar o avião para umas férias de Ano Novo.

 

“Disse que uma vítima de Pedrógão precisava de uma cirurgia plástica urgente ao rosto e, em nome do presidente, pediu um donativo. E tinha de ser naquele dia”, contou Manuel Violas a uma procuradora do Ministério Público (MP). “Disse-me que o Presidente pedia sigilo absoluto.”

Manuel Violas concordou em doar cinco mil euros e recebeu por email o número da conta bancária para onde deveria transferir o dinheiro. O “adjunto” do presidente agradeceu e insistiu que não deveria contar nada a ninguém.

Desconfiando que estaria a ser alvo de uma burla, Manuel Violas pediu a um colaborador que entrasse em contacto com a Casa Civil da Presidência da República para reencaminhar o email que tinha recebido.

No mesmo dia, conta o mesmo jornal, Leonor Campos, presidente da Casa Ermelinda Freitas, recebeu um telefonema idêntico da mesma pessoa.

“O Presidente sabe que gosta de ajudar as pessoas”, elogiou o “assessor”. “Disse que o depósito tinha de ser feito em numerário e naquele mesmo dia, até às 10h, senão o doente, uma vítima dos incêndios de Pedrógão, já não seria operada”, contou a empresária a uma procuradora. “Sugeri 1000 euros e ele disse que já era muito bom”.

O dinheiro, porém, não chegou a ser depositado porque a empresária pediu um recibo e o interlocutor disse que voltaria a ligar com instruções, que não chegou a fazer.

Seis meses antes, segundo o Expresso, o verdadeiro Duarte Vaz Pinto, consultor da Casa Civil da Presidência da República, já tinha apresentado uma queixa formal no MP porque um burlão tinha telefonado para oito pessoas diferentes, identificando-se com o seu nome.

Graças a uma aplicação informática, o funcionário da Casa Civil conseguiu identificar o suspeito: Alexandre Alves Ferreira, relações públicas, com uma condenação por burla no cadastro e um historial de utilização de nomes falsos para conseguir produtos de luxo.

(dr) Alexandre Ferreira Alves / Facebook

Alexandre Ferreira Alves

Depois de mais de um ano de tentativas de notificação, o MP acusou o ex-relações públicas de sete crimes de abuso de designação e um de falsidade informática. Manuel Violas e Leonor Campos não apresentaram queixa, por isso Alexandre Alves Ferreira não será julgado por burla.

Para enviar e-mails, de acordo com a TVI, o arguido utilizava uma conta de e-mail falsa com o nome de um dos consultores de Marcelo. Já o NIB fornecido para as transferências era o da mãe de Alexandre.

O início do julgamento está marcado para 8 de dezembro, no Campus da Justiça, em Lisboa.

ZAP //

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