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Sócrates ataca procurador Rosário Teixeira (e diz que Carlos Santos Silva é “honestísssimo”)

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Manuel Fernando Araújo / Lusa

O segundo dia de interrogatório a José Sócrates, no âmbito da Operação Marquês, ficou marcado por duras críticas do antigo primeiro-ministro ao procurador do Ministério Público (MP) Rosário Teixeira.

Durante a inquirição desta quarta-feira, a mais longa até agora, o ex-governante socialista disse ainda que Carlos Santos Silva, que é seu amigo e está também constituído arguido no âmbito deste processo, é “honestísssimo”

À entrada para o terceiro dia de interrogatório da fase de instrução da Operação Marquês, na qual é acusado de crimes económicos, José Sócrates parou para falar aos jornalistas e criticar a postura de Rosário Teixeira, classificando uma declaração do procurador como “infeliz e imprópria”, pedindo que este se retrate.

“Hoje reparei numa declaração do senhor procurador que dizia que no final se faziam as contas. Considero-a completamente infeliz e imprópria”, afirmou.

O antigo primeiro-ministro vincou que a frase do procurador do Ministério Público que liderou a investigação “é muito reveladora daquilo que esteve sempre na base deste processo”. Isto é “uma motivação pessoal”, concluiu Sócrates.

Na terça-feira, o procurador Rosário Teixeira disse a alguns jornalistas que Sócrates pode dizer o que entender nesta fase processual porque no final é que se fazem as contas, respondendo ao facto de o ex-governante ter apelidado a acusação de “delirante”.

Rosário Teixeira, à entrada para o tribunal não se furtou a falar aos jornalistas para dizer que não atacou ninguém, que “é uma invenção” e que não falou em “ajuste de contas”. “Esta é a fase da defesa, os arguidos podem dizer o que quiserem e as contas fazem-se no final depois de apreciada toda a prova”, afirmou.

O procurador lembrou que o papel do Ministério Público é “sustentar a prova e fazer a leitura dos indícios de forma a construir uma acusação”.

Carlos Santos Silva é “honestísssimo”

Durante a sessão, e segundo fontes ligadas ao processo ouvidas pela agência Lusa, Sócrates defendeu esta quarta-feira Carlos Santos Silva, dizendo que é “honestíssimo”.

O juiz Ivo Rosa questionou, durante quase seis horas de interrogatório, o antigo primeiro-ministro sobre a sua relação com Carlos Santos Silva, de quem Sócrates recebeu dinheiro, segundo a acusação, a troco de benefícios para o grupo Lena.

A construção de 50 mil casas na Venezuela, no tempo do Presidente Hugo Chavez, pelo Grupo Lena, segundo a acusação a troco de benefícios financeiros de vários milhões para Sócrates, foi outro dos temas tratados hoje, segundo as fontes, tendo, mais uma vez, o ex-governante negado tudo e até exibido um documento elaborado pelo seu gabinete, na altura, que funcionaria como um guião sobre os assuntos a tratar com o chefe de Estado venezuelano e no qual não constava o grupo empresarial da zona de Leiria.

A acusação do Ministério Público considera que Sócrates terá recebido do Grupo Lena, através do seu ex-administrador Joaquim Barroca, também arguido, luvas de mais de 2,8 milhões de euros e que globalmente foi subornado com seis milhões de euros para favorecer o grupo em vários negócios, com especial incidência na Venezuela.

O antigo primeiro-ministro disse também ao juiz que desconhecia os negócios da XLM – Sociedade de Estudos e Projetos, empresa de Carlos Santos Silva, que também é arguida no processo e para a qual a sua ex-mulher alegadamente trabalhou, indicaram as fontes.

Para a acusação, Sofia Fava beneficiou de transferências de dinheiro do ex-marido não declaradas às autoridades tributárias e de Carlos Santos Silva que utilizou para pagar o Monte das Margaridas, verba que lhe foi dada após a simulação de uma relação de trabalho com empresas lideradas por este último, tais como a XLM – Sociedade de Estudos e Projetos Lda.

O interrogatório prossegue na tarde de quinta-feira, mas, segundo a mesma fonte, há fortes probabilidades de não se conseguir terminar no mesmo dia esta fase de defesa do antigo primeiro-ministro que tenta, perante o juiz, evitar ser julgado por corrupção, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal.

Para quinta-feira está previsto que Sócrates seja confrontado com o dinheiro que recebeu de contas de Carlos Santos Silva e que sempre justificou como “empréstimos” do amigo, mas que para o Ministério Público fazem do empresário o “testa de ferro” do antigo governante socialista. Segundo o jornal Público, este será o “Dia D” do interrogatório, no qual Sócrates terá também de falar sobre a sua vida em Paris.

Sócrates, que esteve preso preventivamente e em prisão domiciliária, está acusado de 31 crimes económico-financeiros. O antigo líder socialista foi acusado pelo Ministério Público da alegada prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 crimes de branqueamento de capitais, nove crimes de falsificação de documento e três crimes de fraude fiscal qualificada, no âmbito da Operação Marquês.

Para o MP, Sócrates recebeu, entre 2006 e 2015, um total de 34 milhões de euros, a troco de favorecimento a interesses do Grupo Espírito Santo, na concessão de financiamento por parte do banco público ao empreendimento Vale do Lobo e ao Grupo Lena, dinheiro esse que terá sido movimentado por contas de Carlos Santos Silva.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Claro que o seu amigo Santos Silva é “honestíssimo”! E o Sócrates pode prová-lo. Ele tinha todo o dinheiro do Sr. Eng. (Técnico), e nem sequer fugiu com ele, e sempre cumpriu com todos os seus pedidos de “empréstimo”, tal como combinado previamente.
    Já o mesmo não se poderá dizer do antigo PM, que enquanto governou o país causou o maior desfalque e prejuízo intencional ao Estado, com vista ao seu próprio “governo”!

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