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“Gostaram da geringonça.” Manuel Alegre diz que eleitores de esquerda estão “desiludidos”

Mário Cruz / Lusa

O histórico socialista, Manuel Alegre

Em entrevista à Rádio Renascença, Manuel Alegre disse que quem votou à esquerda pode sentir-se desiludido por não haver uma nova geringonça.

Manuel Alegre considera que, para existir um novo acordo entre os partidos de esquerda, era preciso “haver vontades conjugadas”. “Tenho pena. Gostaria muito que o Partido Comunista, o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista fizessem um esforço para dar mais consistência ao espírito da geringonça” afirmou o escritor e histórico socialista em entrevista à Rádio Renascença.

“As pessoas que votam à esquerda gostaram da geringonça” e “não haver uma geringonça mais consistente contraria um pouco o sentido do voto das pessoas que votaram nos partidos da esquerda”, considera o escritor, homenageado este ano no Festival Escritaria, organizado pela autarquia de Penafiel.

Questionado sobre se esse eleitorado está desiludido, Alegre afirmou que “estão todos desiludidos”. “Os que votaram nos três principais partidos da esquerda, votaram a pensar que a geringonça continuaria. Tenho pena. O voluntarismo tem os seus limites e é preciso que haja vontades conjugadas.”

Sobre a chegada de novos partidos ao Parlamento, a análise do poeta não deixa dúvidas: trata-se de um “declínio dos partidos tradicionais” e, afirmou, “há sinais que obrigam a estar atentos”.

Em relação à extrema direita, que “está já em quase todos os parlamentos por toda a Europa”, o socialista admitiu: “sabia que mais cedo ou mais tarde chegaria aqui”.

“O que faz mais impressão é que, tal como aconteceu em França e em outros países, houve em determinadas zonas uma transferência direta do voto de esquerda para a extrema direita, nomeadamente em certas zonas do Alentejo e em certos bastiões tradicionais da esquerda, sublinhou.

“Temos que refletir politicamente e travar esse combate no plano político. Isto não vai lá com proclamações, vai com pedagogia”, defendeu o antigo deputado.

ZAP //

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