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Venda de créditos maus de clientes famosos dá perda de 106 milhões ao Novo Banco

O Novo Banco vendeu créditos maus a fundo internacional. A carteira incluiu empréstimos de clientes famosos que deixaram de pagar. A operação gerou perdas de 106 milhões em 2019.

O Novo Banco confirmou a venda de uma carteira de créditos – em incumprimento -, que tinham um valor original de 2.732 milhões de euros. A operação foi feita ao preço de 193 milhões de euros e deverá gerar uma perda de 106 milhões de euros com impacto nos resultados da instituição este ano, refere um comunicado. Por outro lado, a venda terá um efeito positivo nos rácios de capital do banco.

A transação inclui um conjunto de créditos não produtivos e ativos relacionados, como por exemplo, garantias — podem ser imóveis e ações, ente outros — , que estavam arrumados no chamado Projeto Nata II. O comprador é uma sociedade pertencente à Davidson Kempner European Partners, um grupo americano de gestão de ativos financeiros.

A carteira de créditos vendida acabou ser menor do que o valor original inicialmente previsto, que andava na casa dos três mil milhões de euros. Fonte do Novo Banco indicou, de acordo com o Observador, que ficaram excluídos dez casos, com valor original da ordem dos 300 milhões de euros, porque o banco acredita que poderá conseguir atrair propostas individuais mais atraentes.

Ainda assim, esta é a maior operação do género realizada em Portugal e beneficiou de condições favoráveis, nomeadamente no que toca aos juros.

Os empréstimos vendidos correspondem a ativos sinalizados como de alto risco e cujas perdas podem desencadear a necessidade de injeções de capital público, na medida em que prejudiquem os rácios de capital do Novo Banco. Fazem parte do chamado banco legacy, onde está herança negativa do Banco Espírito Santo.

Entre os ativos problemáticos estão créditos de clientes mediáticos que deixaram de cumprir as suas obrigações financeiras, como Nuno Vasconcelos e o grupo de construção Moniz da Maia. Estes grupos económicos estão também sinalizados na lista dos grandes devedores cujas perdas geradas no banco obrigaram a ajudas públicas. O relatório mais recente do final de 2018 foi divulgado esta semana.

O Novo Banco espera que com esta alienação seja dado “mais um passo importante no processo de desinvestimento de ativos não produtivos, que permitirá acelerar a sua redução”.

Os créditos e ativos vendidos tinham um valor nominal de 2.732 milhões de euros e um valor contabilístico bruto de 1.713 milhões de euros. A diferença entre estes números é explicada pelo facto de os valores originais incluírem compromissos, garantias e write off  – quando os ativos são eliminados do balanço.

A venda foi feita por apenas 191 milhões de euros. De acordo com o Novo Banco, esta operação foi realizada com um desconto de 89% sobre o valor contabilístico dos ativos, mas o desconto sobre o valor líquido foi de apenas 35%, o que sinaliza que o banco já tinha reconhecido imparidades significativas nestes ativos.

O valor final da operação não fica fechado e está sujeito a ajustamentos de perímetro, mas o banco dirigido por António Ramalho antecipa já um impacto negativo de 106 milhões de euros, mas um efeito positivo ao nível do capital. Por outro lado, permitirá também reduzir o rácio de crédito em incumprimento de 20,7% para 15%, o que permite cumprir exigências regulatórias.

ZAP //

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