O líder do PSD, Rui Rio, acusou esta sexta-feira o Governo de montar um “circo mediático” favorável às eleições de outubro durante a greve dos motoristas, que cumpre esta sexta-feira o quinto dia de paralisação.
Em conferência de imprensa na sede do partido no Porto, o líder social democrata considerou que houve aproveitamento político do PS nesta greve, tal como tinha já acontecido durante as reivindicações dos professores sobre a recuperação do tempo de serviço antes das eleições europeias.
“O Governo montou um circo mediático e colocou-se de um dos lados da barricada”, acusou, defendendo que o Executivo socialista se empenhou “na criação de uma conjuntura” de que “pudesse beneficiar eleitoralmente”.
“O Executivo estava a gerir este dossier mais preocupado com a popularidade antes das eleições [legislativas]”, insistiu Rui Rio, que apelou depois “à isenção do Governo de modo a que possa ser um árbitro a sério”.
“Espero que, a partir de agora, comece a entrar o recato e o bom senso, aquele recato e bom-senso que nós guardamos para nós próprios”, acrescentou, revelando ainda que não tinha consciência das condições de trabalho destes profissionais.
“O PSD não participou no circo, não estou aqui para o espetáculo”, frisou.
“O PSD apela à boa-fé de ambas as partes, quer os sindicatos quer da entidade patronal, e apela à isenção do Governo. (…) Se o senhor primeiro-ministro e o Governo não estiverem capazes de serem árbitros, teremos então sempre naturalmente o recurso ao Presidente da República, que pode ser ele numa circunstância a seguir o árbitro que o Governo não conseguiu ser”, sugeriu ainda.
Também a líder bloquista, Catarina Martins, já veio criticar a atuação do Governo, considerando que o Executivo se tem comportado como uma “porta-voz” da Antram.
PGR investiga afirmação de Pardal Henriques
Também esta sexta-feira, e ainda sobre a greve dos motoristas, a Procuradoria Geral da República revelou estar a investigar uma afirmação do porta-voz e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, Pedro Pardal Henriques, sobre o cumprimento dos serviços mínimos decretados pelo Governo.
“A Procuradoria-Geral da República encontra-se a analisar a questão com vista a decidir se há ou não algum procedimento a desencadear no âmbito das competências do Ministério Público”, diz a PGR numa resposta escrita à agência Lusa.
“Em solidariedade para com os seus colegas [que foram notificados], ninguém vai sair daqui hoje”, disse Pardal Henriques na quarta-feira de manhã, na Companhia Logística de Combustíveis, em Aveiras de Cima. “Ninguém vai cumprir nem serviços mínimos nem requisição civil, não vão fazer absolutamente nada”, sublinhou o também assessor jurídico.
O Código Penal prevê como ilícitos criminais a instigação pública a um crime (artigo 297) e o incitamento à desobediência coletiva (artigo 330).
Os motoristas de transportes de matérias perigosas cumprem esta sexta-feira o quinto dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
A greve foi inicialmente convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
Na quinta-feira, dia 15, à noite, o SIMM desconvocou a greve, tendo voltado ao trabalho esta sexta-feira. Na quarta-feira, a Antram chegou a entendimento com a federação sindical da CGTP, a Fectrans, que não convocou a greve.
ZAP // Lusa
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