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“Cérebro” dos ataques do 11 de setembro pode agora testemunhar contra a Arábia Saudita

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Khalid Sheikh Mohammed, o alegado cérebro dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, poderá testemunhar e ajudar indivíduos e empresas na ação destes contra o Governo da Arábia Saudita por responsabilidades no atentados.

A condição para o fazer é a acusação americana não pedir a pena de morte para ele, segundo vários relatos publicados esta segunda-feira. A oferta de Mohammed consta de uma carta apresentada no Tribunal Distrital em Manhattan por advogados que representam pessoas individuais e coletivas que pedem milhares de milhões de dólares por danos.

Os advogados dos queixosos têm estado em contacto com advogados de cinco testemunhas sob custódia federal para avaliar a disponibilidade destas para depor. Três dessas testemunhas, incluindo Mohammed, estão na prisão de Guantánamo e enfrentam a pena capital, enquanto as outras duas se encontram numa prisão de segurança máxima no Colorado.

Segundo a carta, Mohammed não concorda depor “no presente momento” mas isso poderá mudar. “O advogado declarou que o principal impulsionador dessa decisão é a natureza capital da acusação e que, na ausência de uma potencial sentença de morte, seria possível uma cooperação muito mais ampla”, refere a missiva.

À Al Jazeera, o ex-agente da CIA Glenn Carle afirmou não ter a certeza de como o depoimento de Mohammed poderia ser útil em tribunal. “Ele sabe bastante sobre a estrutura da Al-Qaeda, as decisões individuais tomadas, a forma como as coisas aconteceram. Muito disso partiu dele. Por isso, penso que tem informações certamente. Se elas são podem ser usadas num tribunal dos EUA é uma das grandes questões”, disse.

Uma tentativa anterior de chegar a um acordo com Mohammed e quatro outros réus do 11 de setembro foi descartada devido ao receio de que suspender a pena de morte servisse como uma censura oficial da tortura dos suspeitos.

Além dos ataques de 2001, o membro da Al-Qaeda assumiu a responsabilidade pelo sequestro e assassinato do jornalista americano Daniel Pearl no ano seguinte. Mohammed foi capturado no Paquistão em 2003 e está preso em Guantánamo desde 2006. A CIA submeteu-o à técnica de interrogatório conhecida como waterboarding (afogamento simulado) 183 vezes em 2003. O então Presidente George W. Bush viria a revelar que autorizara pessoalmente o recurso àquela técnica.

O Governo de Riade nega qualquer envolvimento nos ataques, nos quais aviões sequestrados se despenharam no World Trade Center de Nova Iorque, no Pentágono e num campo da Pensilvânia, fazendo quase três mil mortos.

ZAP //

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