Greve dos motoristas. Negociador do Governo esteve um mês a trabalhar sem contrato

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Carlos Barroso / Lusa

O Governo assumiu oficialmente a 29 de abril que Guilherme Dray era o representante do Estado nas negociações com o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas.

Porém, o contrato com o advogado e ex-chefe de gabinete de José Sócrates e Mário Lino só foi assinado um mês depois, a 22 de maio, de acordo com o ajuste direto 27/AD-SGPCM/2019, assinado pelo Ministério das Infraestruturas e da Habitação com a Macedo Vitorino & Associados a que o jornal Público teve acesso.

“O presente contrato tem por objeto a aquisição de serviços jurídicos para a mediação nas negociações entre representantes da Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias e representantes das estruturas sindicais respeitantes aos motoristas de matérias perigosas”, lê-se no documento.

O Estado compromete-se a pagar um preço máximo de 19.500 euros, num contrato que pode ter a duração máxima até 31 de dezembro deste ano.

Agora, Guilherme Dray está novamente a ajudar o Governo no processo negocial com os motoristas de pesados, que têm um pré-aviso de greve para 12 de agosto.

O ministro Pedro Nuno Santos confirmou o vínculo de Dray. “Está a trabalhar connosco para esse efeito”, disse, sobre as negociações com os motoristas, acrescentando que “é remunerado, evidentemente” e “tem contrato de prestação de serviços”.

O gabinete do ministro dos Transportes explicou ao Público que “a decisão de contratar o Guilherme Dray foi tomada aquando da greve, pelo que não foi temporalmente possível tratar previamente dos procedimentos atinentes ao ajuste direto”.

A situação de Guilherme Dray tem semelhanças com a de Diogo Lacerda Machado quando este ajudou o Governo, como consultor, em vários processos negociais. Numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, em 2016, o primeiro-ministro anunciou que ia celebrar um contrato com o negociador que representou o Governo, a título informal, nas negociações com a TAP, com os lesados do BES e no caso BPI/Isabel dos Santos.

Este contrato, com a data de 15 de abril de 2016, tinha um custo global de 17 mil euros e duração de nove meses e meio. ​A prestação deste apoio ao Governo por parte de Diogo Lacerda Machado que começou de forma informal, sem contrato, foi mesmo contestada pelos partidos com assento Assembleia da República. Mais tarde, em junho de 2017, Lacerda Machado viria a ser nomeado pelo Estado administrador não executivo da TAP.

ZAP //

2 Comments

  1. Mas… será possível que não exista ninguém no Estado capaz de fazer uma negociação, ou mesmo de servir apenas como mediador????
    E mesmo que surpreendentemente não exista ninguém no Estado capaz de tal missão (o que surpreendentemente não me surpreende!) não existe ninguém mais adequado que um antigo colaborador de Sócrates e Mário Lino????
    Ou será que alguém acha que este senhor merece uma qualquer brinde para lhe assegurar um futuro semelhante ao negociador do Estado no caso da TAP, que ainda ganhou um cargo de administrador na própria TAP! Será que defendeu bem os interesses do Estado nesse processo porque ainda ganhou um bom tacho na empresa “contra” a qual deveria lutar para defender os interesses do Estado???

  2. Bem se vê o nível desta classe, se é que este individuo na foto pretende representar. Participei em varias gréves durante a minha vida profissional e nunca insultei qualquer colega que decidisse mão participar. Com indivíduos deste calibre a classe está bem representada, não há duvida !

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