A primeira-ministra britânica, Theresa May, manifestou esta quarta-feira a intenção de manter funções como deputada na câmara baixa do parlamento após deixar a chefia do Governo, com a eleição de um sucessor na liderança do partido Conservador.
Durante a sessão semanal de respostas aos deputados, May disse que tenciona continuar a representar o círculo eleitoral de Maidenhead, sul da Inglaterra, pelo qual é deputada desde 1997.
Tanto o antecessor David Cameron como Tony Blair abdicaram dos assentos após abandonarem as funções de primeiros-ministros, em 2007 e 2016, respetivamente. Porém, Gordon Brown manteve-se como deputado durante um mandato inteiro de cinco anos, entre 2010 e 2015, optando no final por não se candidatar à reeleição.
Theresa May formalizou na sexta-feira passada a renúncia à liderança do partido Conservador, cujo sucessor, que deverá ser conhecido no final de julho, terá também direito a chefiar o governo.
O Partido Conservador começa esta quinta-feira uma série de votações para escolher um novo líder, que vai assumir também o posto de primeiro-ministro britânico no final de julho, sucedendo a Theresa May.
Dez candidatos conseguiram as oito nomeações necessárias para serem admitidos na eleição interna, conduzida pelo chamado Comité 1922, cuja primeira fase está reservada ao grupo parlamentar.
A primeira volta da eleição decorre entre as 10h00 e 12h00 locais e os resultados são esperados por volta das 13h00, determinando as regras que os candidatos com 16 votos ou menos sejam eliminados ou, se tal não acontecer, é afastado aquele com menor número de votos.
A votação vai decorrer numa sala do parlamento britânico equipada com cabines de votação, para garantir o segredo do voto, o qual será expresso num boletim, cuja cor será diferente a cada volta, e colocado numa urna metálica preta.
Theresa May demitiu-se no fim do maio. O rumor de uma demissão começou a circular depois de alguns ministros se terem juntado à revolta do Partido Conservador, segundo avançou o The Times. Esta quarta-feira, Andrea Leadsom —apoiante do Brexit, muito crítica de mais compromissos com Bruxelas —, demitiu-se de líder da Câmara dos Comuns, para não ter de estabelecer um calendário legislativo com que não concordava.
Theresa May, de 62 anos, assumiu o cargo em julho de 2016, pouco depois de os britânicos terem votado a favor do Brexit, no referendo de 23 de junho de 2016. Até agora, a líder não conseguiu reunir consenso quanto às condições para a saída da União Europeia entre a classe política, profundamente dividida sobre a questão, como também está a sociedade britânica.
O acordo de saída negociado com Bruxelas foi rejeitado três vezes pelos parlamentares, o que obrigou o executivo a adiar o Brexit até 31 de outubro, quando a data inicial era 29 de março, e realizar ainda as eleições para o Parlamento Europeu.
Na terça-feira, Theresa May apresentou um plano de “última oportunidade”, que incluiu uma série de compromissos para tentar convencer os parlamentares britânicos. A tentativa foi em vão, já que o texto foi alvo de uma enxurrada de críticas tanto da oposição trabalhista quanto dos eurocéticos de seu próprio partido.
ZAP // Lusa