A primeira-ministra britânica, Theresa May, formalizou hoje a demissão da liderança do partido Conservador anunciada em maio, desencadeando uma eleição interna para encontrar um sucessor.
Enquanto primeira-ministra, mantém-se em funções até que esteja em posição de dizer à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor, na sequência da eleição no Partido Conservador, noticiou o Sapo 24 esta sexta-feira, citando a agência Lusa.
O vencedor, enquanto líder do partido do Governo, torna-se também primeiro-ministro sem a necessidade de eleições legislativas.
Numa declaração à porta da residência oficial, em Downing Street, a 24 de maio, a primeira-ministra reconheceu que o fracasso em aplicar o ‘Brexit’ determinou a sua decisão de se demitir.
“É e será sempre motivo de profundo desgosto para mim não ter sido capaz de implementar o ‘Brexit’. Caberá ao meu sucessor encontrar um caminho que honre o resultado do referendo”, afirmou.
Theresa May disse ter feito o possível para convencer os deputados a aprovar o acordo que negociou com Bruxelas para fazer o Reino Unido sair da União Europeia (UE), mas, “infelizmente”, não conseguiu.
O documento foi chumbado três vezes na Câmara dos Comuns por margens elevadas devido não só à divergência da oposição e dos deputados anti-‘Brexit’, mas também por causa da discórdia por vários eurocéticos do seu próprio partido.
“É claro agora para mim que é melhor para o país que um novo primeiro-ministro lidere esse processo”, acrescentou.
A primeira-ministra britânica pretendia fazer uma quarta tentativa esta semana, mas a proposta de permitir uma votação sobre um novo referendo motivou desentendimentos dentro do próprio governo, desencadeando a demissão da ministra para os assuntos parlamentares, Andrea Leadsom.
Vencedor anunciado na semana de 22 de julho
Onze deputados conservadores estão na calha para substituir Theresa May. As candidaturas abrem às 10:00 (hora local, a mesma em Lisboa) de segunda-feira e terminam às 17:00 do mesmo dia, revelou o Expresso.
A data inicial para a saída do Reino do Unido da UE era 29 de março. Contudo, a mesma foi adiada – primeiro para 12 de abril e, mais tarde, para 31 de outubro – depois de não ter conseguido a aprovação na Câmara dos Comuns do seu acordo de saída.
Os candidatos à liderança dos ‘tories’ precisam do apoio de oito deputados, lembrou a BBC. Posteriormente, os deputados votarão nos seus candidatos preferidos numa série de votações secretas a realizar nos dias 13, 18, 19 e 20 de junho.
Na quinta-feira, Charles Walker, do comité que define as regras, disse que tenciona ter dois candidatos até 20 de junho. Os dois finalistas serão depois votados por membros do Partido Conservador numa votação mais ampla, devendo o vencedor ser anunciado na semana de 22 de julho.
Saída a 31 de outubro com ou sem acordo
O modo como o próximo primeiro-ministro consiga fazer aprovar um acordo de saída e se os candidatos aceitariam uma saída sem acordo têm sido as duas questões dominantes da campanha, que começa oficialmente depois de Theresa May renunciar, lê-se no Expresso.
O atual ministro do Ambiente, Michael Gove, um dos candidatos à liderança, afirmou que o Reino Unido não deve ficar preso a uma data “fixa” se precisar de mais algum tempo para conseguir um acordo. Outros candidatos, como Dominic Raab, antigo ministro, e Boris Johnson, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, insistem que o país deve sair a 31 de outubro, tenha ou não aprovado um acordo com Bruxelas.
A sugestão de Dominic Raab na quarta-feira de que estaria preparado para fechar o Parlamento para garantir que a saída acontecia na data prevista foi criticada pelos seus opositores. No dia seguinte, o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, disse que tal cenário “simplesmente não vai acontecer”.