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“Se quiserem me matar, me matem”. Tchizé finca o pé e pede destituição de João Lourenço

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Tchizé dos Santos / Facebook

Welwitschea ´Tchizé` dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos.

A deputada angolana Tchizé dos Santos, filha do ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos, defende a destituição de João Lourenço, acusando o actual chefe de Estado de Angola de estar a fazer um “golpe de Estado às instituições”. E também diz que tem sido ameaçada e pressionada para suspender o mandato.

Num ficheiro áudio disponibilizado pelo Público, a deputada diz que teme pela vida, mas assegura que não vai suspender o mandato, como lhe pediu o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), partido pelo qual foi eleita deputada e ao qual pertence também João Lourenço, Presidente da República de Angola.

“Os meus carrascos que tirem a máscara, que acabem de fazer o seu trabalho. Pelo menos, sabemos quem é quem. Se quiserem me matar, me matem, eu me entrego na mão de Deus, mas ninguém vai ficar a rir, João Lourenço não vai ficar a rir, o MPLA não vai ficar a rir”, aponta Tchizé dos Santos.

A deputada e membro do Comité Central do MPLA diz, em declarações à agência Lusa, que está “involuntariamente” fora do país, devido à doença da filha, e que há vários meses que está a ser “intimidada” por dirigentes do partido no poder desde 1975.

“Estou a ser alvo de perseguição política, que todo o mundo sabe que existe”, afiança Tchizé que está a viver em Londres e que não comparece no Parlamento angolano há cerca de três meses.

“Se o MPLA decidir ou as pessoas da bófia decidirem usar meios menos ortodoxos para se livrarem de mim, estão mal, porque os meus advogados já têm tudo na mão, os meus contabilistas já têm tudo na mão, os ingleses têm a minha vida financeira toda na mão”, refere a deputada.

Tchizé acrescenta que está à procura de advogados em Luanda para avançar para o Tribunal Constitucional angolano com “um pedido de impeachment [destituição]” de João Lourenço, e que também procura o apoio de deputados para uma Comissão Parlamentar de Inquérito à actuação do actual chefe de Estado.

A filha do ex-Presidente angolano garante ainda que há uma lista de várias figuras ligadas ao período da governação do pai – José Eduardo dos Santos foi Presidente entre 1979 e 2017 – que as autoridades pretendem impedir de sair de Angola.

Ela também frisa que está a ser ameaçada por ser uma voz que contesta algumas das orientações de João Lourenço que é também líder do MPLA. “O Presidente da República é conivente porque nada faz”, critica.

“Está a haver um crime contra o Estado. Este Presidente da República merece um impeachment“, sustenta Tchizé que é considerada a filha mais próxima, politicamente, de José Eduardo dos Santos.

A deputada fala em “abuso de poder” e cita o caso de outro deputado do MPLA, Manuel Rabelais, próximo do anterior Presidente da República, e que em Janeiro foi impedido pelas autoridades de embarcar num voo internacional, em Luanda, apesar da sua imunidade parlamentar.

Garantindo que não vai aceder ao pedido feito esta semana pelo grupo parlamentar do MPLA, de suspender o mandato por estar ausente da Assembleia Nacional há mais de 90 dias, a também empresária, com investimentos em Portugal e filhos luso-angolanos, não clarifica se pretende regressar em breve a Luanda.

“É o senhor João Lourenço que me está a fazer a perseguição através do MPLA, porque ninguém no MPLA toma ali uma atitude sem a autorização do Presidente, ou sem a orientação”, sustenta em declarações à Lusa.

A deputada diz que mesmo estando fora de Angola é visada pelas ameaças. “Passo a vida a receber ameaças”, lamenta, criticando o facto de nem o partido, nem as autoridades angolanas se preocuparem com a sua segurança. “Obviamente que isso é um forte indício que a perseguição está a vir do Governo e o chefe do executivo é o Presidente da Republica”, aponta.

“Um Presidente que está a subverter o Estado democrático de direito está a tentar dar um golpe de Estado às instituições“, acusa ainda Tchizé.

Exonerações no Governo e na Sonangol

Numa altura em que Angola vive uma crise de combustíveis, com a falta de gasolina e de gasóleo em todo o país, João Lourenço afastou da presidência do conselho de administração da Sonangol Carlos Saturnino, colocando no cargo Sebastião Martins que era administrador da petrolífera estatal angolana.

Algumas horas depois, João Lourenço exonerou também os secretários de Estado da Defesa, Águas e Obras Públicas que tinham sido nomeados para os cargos em Outubro de 2017.

Segundo um comunicado da Casa Civil do Presidente angolano, João Lourenço exonerou, a pedido do visado, Gaspar Santos Rufino (Defesa), e por “conveniência de serviço”, Luís Filipe da Silva (Águas) e Fernando Malheiros José Carlos (Obras Públicas).

Para os respectivos lugares, o chefe de Estado angolano nomeou José Maria de Lima (Defesa), que deixa a presidência do Instituto de Defesa Nacional, ligado ao ministério homónimo, Lucrécio Alexandre Manuel da Costa (Águas) e Carlos Alberto Gregório dos Santos (Obras Públicas).

O Governo angolano conta com 32 ministros (incluindo três de Estado), mais um do que o último de José Eduardo dos Santos.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Ainda não entendeu que o reinado do Zedu acabou, e até prova em contrário João Lourenço tem feito um bom trabalho correndo com os corruptos e com aqueles que assumiram cargos de favor, por nepotismo, como é o caso dos filhos de Zedu.
    Pena em Portugal não aparecer um governo que corra com todos os familiares socialistas que estão na mesma senda de nepotismo, como esta Tchizé.

  2. Pois, pois, o bom bom era no tempo do papa, não era???? Pudera, o pai era o maior corrupto de África, isso é que era boa vida, não era. O actual presidente está a limpar os corruptos que o paizinho desta fulana deixou. Coitadinha, está com medonho, está??? Pois é, a boa vida acabou não é??? Temos pena, arranje um trabalhinho que já tem idade para isso.

  3. Até ao momento o actual presidente parece estar a fugir à linha tradicional do MPLA onde o Poder e os interesses económicos estavam entregues nas mãos de um grupo restrito de dirigentes dos quais o pai da dita senhora era o maioral, portanto talvez seja aqui o princípio do fim da tal monarquia comunista que certamente ela como alguns outros tanto desejariam que jamais tivesse fim em Angola.

  4. Tchi Zé… Tchi Patrão… Ditador com ditador se paga. Doi não doi?.. Agora mama e não bufes. Por muito déspota que o Lourenço seja, se é contra a dinastia Santos, força com isso!

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