Uma fonte de alto nível disse ao WikiLeaks que Julian Assange será expulso dentro de “horas ou dias” da Embaixada do Equador no Reino Unido, para mais tarde ser preso pelas autoridades britânicas.
Segundo o WikiLeaks, as acusações do presidente equatoriano, Lenin Moreno, contra Assange, ocorreram após o surgimento de um portal de informações sobre um caso que alegadamente incrimina o presidente em atos de corrupção.
Posteriormente, o WikiLeaks relatou que obteve uma confirmação secundária de “outra fonte” de alto nível dentro do Estado equatoriano sobre a possível expulsão de Assange.
O Ministério das Relações Exteriores de Quito disse que não responde a “rumores, hipóteses ou conjeturas” que não têm “apoio documental”, segundo o El Comercio.
Há poucos dias, a investigação contra Moreno, conhecida como INA Papers, foi levantada por um membro da oposição do parlamento, o deputado Ronny Aleaga Santos, que recebeu um dossier de uma fonte anónima com documentos que supostamente implicam a família do presidente equatoriano em crimes de corrupção, perjúrio e lavagem de dinheiro, através de empresas estrangeiras.
Após a revelação, Moreno atacou diretamente Assange, acusando-o de ter violado os termos do seu asilo diplomático na Embaixada do Equador em Londres.
“Se o presidente Moreno quiser encerrar ilegalmente o asilo de um editor refugiado para encobrir um escândalo offshore, a história vai condená-lo”, disse o WikiLeaks.
O presidente Moreno rejeitou as acusações. Segundo afirmou terça-feira, a empresa offshore INA Investment foi fundada pelo irmão Edwin Moreno, a pedido de alguém que lhe devia dinheiro, para transferir os fundos para o Equador através daquela empresa. “Nunca soube que esta empresa offshore tinha sido formada”, disse o presidente.
A meio ao escândalo, o advogado de Assange no Equador, Carlos Poveda, explicou que o cliente não tinha nada a ver com a publicação. “O WikiLeaks tem uma organização interna e que Assange já não é o editor. Agora vamos recorrer a outros tipos de instâncias, especialmente a Comissão Interamericana”, disse Poveda.
Pela sua parte, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa descreveu o caso INA Papers como “um dos casos mais graves de corrupção na história do país”. Em entrevista à Russia Today, Correa reiterou que, nessa conta, “depositavam dinheiro sujo” para ter “uma vida de reis”. “Nunca vi um caso de corrupção onde há tantas evidências”, disse.
Assange está escondido na embaixada do Equador em Londres desde que foi preso por acusações de agressão sexual da Suécia em 2012. As acusações foram abandonadas por causa de um problema técnico, mas Assange ainda se considera um prisioneiro na embaixada apesar de poder sair a qualquer momento. Assange tem dito que teme ser extraditado para os EUA, onde os promotores prepararam uma acusação criminal.
Assange também afirma que está a ser silenciado porque o seu acesso à Internet na embaixada foi abruptamente interrompido há um ano. Autoridades do Equador acusaram Assange de se intrometer na política internacional antes de o acesso à Internet ter sido bloqueado.
Assange, um cidadão australiano, recebeu a cidadania equatoriana em janeiro de 2018, durante uma tentativa de imunidade diplomática. O Equador esperava que a medida permitisse a Assange deixar a embaixada de Londres e encontrar refúgio noutro país, mas o plano fracassou.
Assange disse que deixaria a embaixada em Londres se Chelsea Manning fosse libertada da prisão. O presidente Barack Obama comutou a sentença de Manning pouco antes de deixar o cargo em 2017, mas Assange voltou atrás na sua promessa e disse que Obama só o fez para fazer com que Assange parecesse um mentiroso.