Em véspera de eleições, as ligações familiares dentro do Governo socialista liderado por António Costa têm marcado a atualidade política. O Bloco, pela voz da sua coordenadora, pediu uma “reflexão” sobre estas nomeações próximas. Em jeito de resposta, o PS pede aos bloquistas que olhem para o seu próprio umbigo.
Foi com surpresa que o líder parlamentar do PS ouviu as críticas do Bloco relativamente às relações familiares no Executivo, uma vez que os bloquistas têm “abundantes” e “diretas” as relações familiares na sua bancada, atirou Carlos César.
“Não percebo como é que o Bloco de Esquerda as pode fazer, sendo um partido onde se conhece que, no seu próprio grupo parlamentar, são abundantes e diretas as relações familiares”, afirmou Carlos César, à margem das jornadas de proximidade do PS, ao distrito de Portalegre, que esta segunda-feira terminam.
Apesar de se recusar comentar “acusações em concerto”, o líder da bancada socialista frisou estar surpreendido face às críticas que vão chegando não só do Bloco, mas de vários outros quadrantes. A título de exemplo, referiu o caso de Luís Marques Mendes, comentador político com espaço habitual no Jornal da Noite de domingo na SIC.
De Marques Mendes recordou que o pai foi deputado na primeira, terceira e quarta legislatura, o próprio foi “ministro por cinco vezes”, deputado e líder parlamentar e “a sua irmã é deputada e dirigente parlamentar”.
Carlos César afirmou não estar admirando, apontando que em, “em determinadas famílias, onde essa vocação [da política] e essa proximidade se multiplica, as pessoas tenham empenhamento cívico similar”. Neste sentido, o “é importante, na política e na governação, é a transparência, o conhecimento dos interesses que estão em causa em todas as decisões e a competência”, afirmou.
Voltando à bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, o Observador fez um fact check, tentando elencar as ligações dentro da bancada bloquista, a fim de perceber se as declarações de Carlos César têm ou não sentido. “Há relações familiares “abundantes” na bancada do Bloco?”, este é o mote definido pelo jornal.
Na bancada bloquista existem, desde 2015, 19 deputados. Destes, há duas irmãs: Mariana e Joana Mortágua. Tal como recorda o diário, Mariana Mortágua tornou-se deputada em 2013, para substituir Ana Drago, tendo à sua frente nova pessoas que acabaram por desistir da corrida.
Dois anos depois, em 2015, as duas irmãs foram eleitas diretamente deputadas, sendo esta a única relação familiar existente neste grupo parlamentar. Por tudo isto, concluiu o Observador, o líder parlamentar do PS estava errado.
Críticas no Partido Socialista
Segunda releva o jornal Público esta terça-feira, os laços familiares no Governo não só preocupam o Bloco, Marques Mendes, ou o cabeça de lista do PSD às eleições europeias, como também são criticadas no interior do próprio PS.
A polémica foi um dos temas que Sérgio Sousa Pinto, deputado do PS e antigo dirigente da Juventude Socialista, mencionou há dias num jantar, que decorreu em Matosinhos e reuniu quatro dezenas de antigos dirigentes do secretariado nacional da JS. O antigo dirigente da JS terá manifestado “preocupação” pelas nomeações de familiares no Governo e pelo “adormecimento” do PS em termos de debate político, escreve o diário.
“As nomeações não se devem ficar apenas pelo cartão partidário, devem ser feitas em função da competência e da qualidade das pessoas”, Filipe Rocha, antigo dirigente nacional da JS, um dos promotores do jantar, em declarações ao Público.
Sérgio Sousa Pinto, que preside à Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros, desvaloriza a iniciativa, dando conta ao matutino que se tratou de “um jantar de confraternização entre gente da JS dos anos 90. Não teve nenhum significado político”, assegura. Contudo, esta opinião não é partilhada por todos os participantes do evento.
“Sérgio Sousa Pinto é um grande quadro do PS, tem pensamento político e há quem pense nele como uma reserva no pós-costismo”, adiantou ao jornal um dos comensais. Outro antigo dirigente nacional da JS disse que o jantar “serviu para marcar terreno”.
”No PS há duas pessoas que se estão a posicionar para suceder a António Costa na liderança do partido: Pedro Nuno Santos, ministro das Infira-estruturas e da Habitação; e Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa. Este grupo poderá lançar um nome para entrar na corrida à sucessão do atual secretário-geral do PS e Sérgio Sousa Pinto pode ser essa pessoa”, disse a mesma fonte ao Público.
Ligações familiares são notícia em Espanha
Os laços familiares no Executivo português já chegaram ao país vizinho. Depois de PSD e Bloco colocarem o tema na agenda política, também o O El País destacou as acusações feitas ao governo socialista “cheio de família”.
“A endogamia de um país pequeno com uma classe dirigente pequena chegou ao extremo”, pode ler-se no diário espanhol. O mesmo artigo, esta segunda-feira publicado, observa que “o problema era comum na política portuguesa, mais do que pelas relações familiares, pela repetição de políticos em cargos de poder“.
Entre as mais de 20 relações existentes no Executivo, o El Pais destaca a relação entre Mariana Vieira da Silva (ministra da Presidência e da Modernização Administrativa) e José António Vieira da Silva (ministro do Trabalho da Solidariedade e da Segurança Social) — pai e filha — e entre Eduardo Cabrita (ministro da Administração Interna) e Ana Paula Vitorino (ministra do Mar) — marido e mulher.
“A endogamia política em Portugal não é nova”, nota depois o jornal, valendo-se da história política de Portugal. “Hoje sentam-se no Conselho de Ministros responsáveis políticos que já o eram com António Guterres ou com José Sócrates“, pode ainda ler-se.
SA, ZAP // Lusa
“Carlos César afirmou não estar admirando, apontando que em, “em determinadas famílias, onde essa vocação [da política] e essa proximidade se multiplica, as pessoas tenham empenhamento cívico similar”. Neste sentido, o “é importante, na política e na governação, é a transparência, o conhecimento dos interesses que estão em causa em todas as decisões e a competência”, afirmou.”
Sr. Carlos César
O problema é que quando se traz a família para esses lugares, não cheira a competência, mas a compadrio. E depois quantas pessoas têm empenhamento cívico e não chegam a lado nenhum? É que para chegar a algum lado tem que ser partidário e os partidos são um clube fechados de “lambe-botas” e se não começarem a lambê-las nas jotas não há competência que lhes valha. Está a tentar tapar o sol com a peneira, é o que é. Este Governo parece uma monarquia! Deviam era ter vergonha na cara.
subscrevo!!!
Só mudam as moscas porque a M—- é a mesma. Isto é o compadrio politico que sempre houve e continua haver. Esta gentalha quando está na oposição faz um barulho que até mete dó quando está no poleiro e mil vezes pior que os outros. É a chamada GAMELA …
It’s a familiy affair!!! Tudo bom rapazes… Ou mais um filme de mafiosos!
Não é governo é uma Capoeira:galinha galo pinto,pato patinho , pavão pavoa tudo faz parte, uma vergonha para o País, talvez não se queiram os outros portugueses juntar ….
Para os espanhóis a maior surpresa será chegarem à conclusão que entre a sua monarquia e a nossa república na prática não haverá grande diferença.
o ponto de situação é que então outras pessoas com competençias, e qualificadas não têm hipoteses porque já é para o filho e nunca mais ninguém de fora entra até chegaremos a ditadura socialista.
URSE
Não se esqueçam de votar nesta gente. Caso contrário haverá muita família desgraçada nos próximos 4 anos. Sejam solidários com quem precisa… do tacho.