Quando uma colónia de E. coli foi exposta a um antibiótico, apenas uma pequena quantidade da bactéria absorveu a molécula antimicrobial. Foi como se sacrificassem pelo resto da colónia sobreviver.
O estudo publicado, no passado mês de dezembro na revista eLife, revelou uma nova forma de auto-defesa das bactérias. Os cientistas usaram uma molécula antimicrobial conhecida como LL37, normalmente produzida pela pele humana e alguns órgãos para afastar bactérias externas.
De forma a rastrear a sua disseminação, os investigadores modificaram a molécula para que esta apresentasse um brilho verde. A experiência revelou-se surpreendente para os biólogos quando se depararam que apenas uma pequena porção da E. coli consumia a maior parte da LL37.
Estas bactérias comportam-se assim como uma espécie de “carne para canhão”, que permitia que o resto da colónia se desenvolvesse sem problemas. Apesar de o antibiótico abrandar o crescimento, nunca o impedia por completo.
Os investigadores desenvolveram um modelo matemático, que segundo Andrej Košmrlj, co-autor do estudo, “dá uma explicação prática de como este fenómeno funciona”. Segundo o New Atlas, Košmrlj constatou que “a concentração inibitória crítica de peptídeos antimicrobiais depende do número de bactérias”. Contudo, os cientistas continuam sem saber como explicar totalmente o comportamento das bactérias.
“As nossas descobertas têm implicações profundas para a evolução das bactérias, bem como na medicina, para o design e criação de novos antibióticos“, comentou o biólogo Sattar Taheri-Araghi, outro dos co-autores do estudo.
Esta não é, no entanto, a única forma de as bactérias se protegerem. Um estudo realizado prova também que as bactérias entram em “modo zombie” para sobreviver à fome. Quando sofrem de falta de nutrientes, algumas bactérias podem sobreviver entrando em sono profundo.
ZAP // New Atlas