O cientista chinês He Jiankui, que anunciou a criação da primeira modificação genética de bebés, foi acusado pelo Governo chinês de driblar a fiscalização e de quebrar as diretrizes em busca de fama e fortuna.
Esta segunda-feira, a equipa de investigação da província de Cantão anunciou os resultados preliminares da averiguação desencadeada após o anúncio do cientista chinês He Jiankui que, em novembro, reclamou ter editado geneticamente os primeiros dois bebés.
O grupo de trabalho criado pela Comissão de saúde confirmou a existência dos bebés e concluiu que o investigador “desafiou as proibições do Governo chinês“, agindo em busca de “fama e fortuna”. A universidade onde He Jiankui dava aulas já anunciou que rescindiu contrato com o cientista, avança o Público.
Desta forma, com base nas conclusões do grupo de trabalho, a Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzhen, divulgou uma declaração pública no seu site na qual informa que decidiu rescindir o contrato de trabalho do cientista, com efeito imediato, ficando He Jiankui impedido de exercer ali qualquer atividade de ensino ou investigação.
Segundo a equipa de trabalho, o cientista “evitou intencionalmente a supervisão do seu trabalho, angariou fundos e organizou um grupo de investigadores por conta própria para realizar a edição genética de embriões humanos destinados à reprodução, que é explicitamente proibida”, adianta a agência de notícias estatal Xinhua.
Em novembro do ano passado, o professor associado da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul afirmou que os primeiros bebés geneticamente editados do mundo tinham nascido com a sua ajuda, referindo ainda que o ADN foi alterado para evitar que contraíssem HIV.
A equipa confirmou que o cientista iniciou a sua investigação em junho de 2016 com uma equipa de cientistas que incluía alguns “membros estrangeiros” e que “conduziu as atividades de edição de genes usando tecnologias sem garantia de segurança e eficácia”.
He Jiankui conseguiu recrutar oito casais de voluntários com um certificado falso de aprovação ética na mão. O grupo de trabalho confirmou duas mulheres grávidas – uma que terá dado à luz as gémeas Lulu e Nana e outra que ainda se encontra grávida -, um casal que desistiu da experiência e outros cinco que não terão conseguido conceber.
“As atividades violaram seriamente princípios éticos e integridade científica e violaram regulamentos relevantes da China, de acordo com a investigação”, lê-se no comunicado, que adianta apenas que os responsáveis “receberão punição de acordo com as leis e regulamentos”, sem especificar.
O comunicado adianta ainda que tanto os bebés como as mulheres grávidas vão receber todos os cuidados e observação médica através de regulares visitas de acompanhamento.