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Escândalo de artigos falsos da “Spiegel” pode tornar-se caso de polícia

Gert Krautbauer / EPA

O jornalista Claas Relotius

A influente revista alemã Der Spiegel afirmou este domingo que vai denunciar à polícia o seu ex-repórter Claas Relotius, após a revelação de que o jornalista, de 33 anos, não apenas falsificou dezenas de reportagens, como também embolsou doações em dinheiro destinadas a crianças órfãs.

A influente revista alemã “Spiegel” anunciou que vai denunciar criminalmente o seu ex-repórter Claas Relotius. Além de ter falsificado dezenas de reportagens, o jornalista terá também embolsado doações em dinheiro destinadas a crianças de rua na Turquia.

Um dos repórteres mais premiados da publicação, Relotius pediu a demissão após admitir ter, ao longo de vários anos, falsificado reportagens e inventado personagens em alguns dos textos que produziu. Relotius ganhou vários prémios e era conhecido pelas suas reportagens de investigação.

A Spiegel revelou ter recebido informações de leitores segundo as quais Relotius teria iniciado uma campanha, divulgando, através do seu e-mail pessoal, a sua conta bancária pessoal, e pedindo doações para ajudar crianças órfãs na Turquia.

O escândalo das reportagens falsificadas foi revelado pela própria Spiegel na quarta-feira, após uma investigação interna.

Relotius falsificou histórias e inventou protagonistas em pelo menos 14 das cerca de 60 reportagens suas publicadas na revista ou no Spiegel Online. “Esta é talvez a pior crise editorial na Spiegel”, afirmou o novo editor-chefe, Steffen Klusmann.

A publicação alertou ainda que outros meios de informação podem ter sido afectados pelas fraudes de Relotius, que escreveu para alguns dos maiores jornais do país, como o Die Welt, Frankfurter Allgemeine Zeitung e Tageszeitung, ao longo de 11 anos de carreira.

Relotius escrevia para a Spiegel há sete anos, inicialmente como jornalista independente, tendo sido contratado há um ano e meio como funcionário da publicação.

As falsificações de Relotius começaram a vir à tona depois de o jornalista Juan Moreno, seu colega na Spiegel, ter desconfiado da veracidade de alguns detalhes de uma reportagem que estavam a escrever em conjunto. Moreno rastreou as supostas fontes citadas por Relotius e descobriu que diversas informações haviam sido inventadas.

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