Mais de 80 pessoas foram detidas, este sábado, em Paris, para impedir incidentes violentos nas manifestações dos “coletes amarelos”, que decorrem pelo quinto sábado consecutivo.
Até às 10h30 horas locais (09h30 horas em Portugal continental) tinham sido detidas 43 pessoas em Paris e outras 17 pessoas nos arredores da capital francesa, de acordo com o Jornal de Notícias. As atualizações da imprensa francesa apontam agora para mais de 80 pessoas detidas.
Este é o quinto sábado consecutivo de protestos em França, apesar das novas medidas anunciadas por Emmanuel Macron, como o aumento do salário mínimo.
No último sábado, às primeiras horas da manhã, as forças de segurança tinham detido pelo menos 278 pessoas por fazerem parte de grupos suscetíveis de protagonizar atos violentos ou por estarem na posse de objetos que poderiam ser utilizados para esse fim. As manifestações envolveram cerca de 125 mil pessoas em todo o país e 10 mil na capital.
Os Campos Elísios são o epicentro dos protestos, onde as autoridades mantêm um amplo dispositivo de segurança que inclui registos de quem quer aceder à avenida. Todas as linhas de metro da zona foram cortadas e as linhas de autocarro desviadas. Para enfrentar o risco de violência estão mobilizados oito mil agentes policiais e 14 veículos blindados na capital.
Tal como na semana passada, diversos monumentos, museus e mercados parisienses encerrarão as suas portas como medida de segurança, como o Arco de Triunfo, o Panteão, a Sainte-Chapelle e o Museu de Arte Moderno.
Desta vez estarão abertos outros pontos turísticos, como a Torre Eiffel, o Museu do Louvre, a Ópera da Bastilha o Museu do Homem e os grandes armazéns – os Lafayette e os BHV.
Apelo à calma ignorado
Ignorando o apelo feito na sexta-feira por Macron, segundo quem o país “precisa de calma, de ordem, de retomar o funcionamento normal” e “o diálogo não se faz com a ocupação do espaço público e com a violência”, os “coletes amarelos”, mobilizados há um mês contra a política governamental para exigir mais justiça social, convocaram para este sábado novas concentrações em Paris.
“Este é precisamente o momento em que não devemos ceder, devemos continuar”, instou na quinta-feira um dos iniciadores do movimento, Eric Drouet, num vídeo na rede social Facebook. “O que Macron fez na segunda-feira é um apelo para que continuemos, porque ele está a começar a ceder alguma coisa e, vindo dele, isso é invulgar”, acrescentou.
Após quatro sábados de mobilização, três dos quais marcados por graves distúrbios e violência, que deixaram o Governo em dificuldades, alguns defendem agora um apaziguamento.
Após o atentado terrorista de terça-feira à noite em Estrasburgo, que fez quatro mortos e 12 feridos, houve também diversos apelos para que a contestação social fosse suspensa enquanto decorria a caça ao homem. Mas, como o autor do ataque, Chérif Chekatt, foi abatido na quinta-feira pela polícia, esse argumento deixou de se aplicar.
Seis pessoas morreram e centenas ficaram feridas durante os bloqueios de ruas e manifestações realizados desde 17 de novembro. Segundo a Amnistia Internacional, 1.407 foram feridas durante os protestos, 46 das quais com gravidade, e 717 foram agentes da polícia, da guarda e bombeiros.