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ONU pede transformações “sem precedentes” para limitar aquecimento global a 1,5ºC

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Gerard Van der Leun / Flickr

Um relatório de especialistas da ONU advertiu, esta segunda-feira, que o mundo terá de avançar com transformações “rápidas e sem precedentes” nos sistemas de energia, transportes, construção e indústria” para limitar o aquecimento global a 1,5º Celsius.

Se o aquecimento “continuar a crescer ao ritmo atual”, sob o efeito das emissões de gases do efeito estufa, “deve chegar a 1,5°C entre 2030 e 2052”, de acordo com o relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

Limitar o aquecimento global a quase um grau pode significar a diferença entre a vida e a morte de muitas pessoas e ecossistemas, sublinharam os responsáveis pelo documento, manifestando “pouca esperança” de que o mundo seja capaz de enfrentar este desafio.

A este propósito saliente-se ainda a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), que aponta para 250 mil mortes por ano entre 2030 e 2050 devido às alterações climáticas.

O relatório, de 400 páginas, foi divulgado na cidade sul-coreana de Incheon, depois de uma reunião de cinco dias, em que participaram 570 representantes de 135 países.

O documento foi encomendado pela ONU após o Acordo Climático de Paris de 2015, no qual os signatários se comprometeram a manter o aquecimento global abaixo de 2ºC e limitá-lo a 1,5ºC em relação ao século XIX.

Este relatório deverá ser usado como base nas discussões da 24.ª conferência do clima, que se vai realizar em Katowice, na Polónia, em dezembro.

Os cientistas descrevem, com base em seis mil estudos, os impactos de um aquecimento global de mais 1,5º Celsius, um nível que a Terra poderá atingir já em 2030 (2030-2052) devido à falta de uma redução maciça das emissões de gases de efeito estufa.

De acordo com o documento, citado pelo Observador, esta subida de 1ºC na temperatura global já teve consequências graves, nomeadamente, “mais do que duplicou a probabilidade de graves prejuízos, devido à severa onda de calor que afetou este ano a Europa e outras regiões do mundo”. Para além das ondas de calor, registaram-se também “grandes fogos florestais, chuvas fortes, inundações e tempestades“.

No entanto, se a temperatura subir 2ºC, em relação a valores pré-industriais, a probabilidade de desaparecerem todos os corais, de as ondas de calor serem mais intensas, de aumentar a incidência de doenças transmitidas por insetos ou aumentar a poluição por ozono, é maior, lembrou Sarah Perkins-Kirkpatrick, investigadora no Centro de Investigação em Alterações Climáticas, na Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália).

Na opinião dos cientistas do painel, algumas das medidas que poderiam ajudar nessa tarefa eram passar para um sistema de energia 100% renovável, intensificar os investimentos em eficiência energética, produção industrial e consumo mais limpos, parar imediatamente os investimentos em infraestruturas baseadas em combustíveis fósseis para os setores da produção de energia e transportes, e proteger e restaurar ecossistemas naturais. Além disso, ajudaria se a população passasse a ter uma dieta mais saudável e equilibrada e usar modos de transporte mais limpos, cita o mesmo jornal.

“O relatório especial do IPCC é, provavelmente, o último lembrete de que não existem impedimentos técnicos e biofísicos sem resolução que impeçam de atingir as metas mais baixas de temperatura estabelecidas pelo Acordo de Paris”, disse Pep Canadell, diretor executivo do Global Carbon Project e investigador do CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation).

ZAP //

1 Comment

  1. Eles querem lá saber do aquecimento global… Haverá muitos que já cá não estarão nessa altura e quem estiver que se amanhe… Perguntem ao louro dos EEUU se não é assim…

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