A diocese da cidade chilena de Rancagua anunciou, esta terça-feira, a suspensão de 14 sacerdotes implicados num novo escândalo de abusos sexuais sobre jovens e menores.
“Estes padres cometeram atos que podem constituir crimes nos domínios civil e canónico”, indicou a diocese em comunicado.
A suspensão surgiu depois da difusão de uma reportagem do Canal113 chileno, na qual foram denunciados abusos sexuais e condutas impróprias por parte de um grupo de prelados de Rancagua, a 90 quilómetros a sul da capital, Santiago.
Todos eles pertenciam a um grupo que se auto-intitulou de “La Familia”, segundo a investigação jornalística.
A diocese explicou que, apesar de não existir “qualquer elemento a indicar que as ações dos padres suspensos constituem crimes do ponto de vista jurídico”, confirma-se uma queixa junto das autoridades e a abertura de um inquérito.
“Todas as informações foram enviadas para a Santa Sé”, adiantou o comunicado.
A diocese de Rancagua lamentou os atos denunciados e pediu à comunidade católica informações sobre o novo escândalo que implica a igreja chilena, já marcada pelas alegações de encobrimento de abusos sexuais que resultaram na demissão de 34 bispos na semana passada, após terem sido chamados ao Vaticano.
Os bispos reuniram-se três vezes com o Papa Francisco, na sequência de uma série de erros e omissões na gestão de casos de abuso, especialmente em relação ao caso de Juan Barros, bispo acusado de encobrir o padre Fernando Karadima.
Francisco vai agora receber no Vaticano, entre 1 e 3 de junho, cinco sacerdotes chilenos que foram vítimas de abusos do padre Karadima e seguidores na paróquia de El Bosque, informou na terça-feira o Vaticano.
“São cinco sacerdotes que foram vítimas de abusos de poder, consciência e sexuais“, referiu o Papa Francisco, em comunicado.
O Papa também vai receber outros dois sacerdotes que ajudaram as vítimas e dois leigos que estão envolvidos no processo, ficando todos na Casa de Santa Marta, a residência de Francisco.
A maioria destas pessoas participou em encontros no Chile com enviados do Papa Francisco para esclarecerem os casos de abusos e o alegado encobrimento.
“Vão ser realizadas reuniões numa atmosfera de confiança e confidencialidade. Na manhã de 2 de junho, o Papa vai celebrar uma missa privada e depois vão decorrer encontros em grupo e individuais”, acrescentou.
Karadima foi condenado em 2011 pela justiça canónica a uma vida de reclusão e penitência por esses atos.
Juan Barros, nomeado bispo em março de 2015 por Francisco, foi acusado no Chile de encobrir os casos de abuso sexual cometidos pelo influente Karadima quando era pastor da igreja El Bosque, em Santiago.
Desde 2000, cerca de 80 sacerdotes foram denunciados por abusos sexuais.
// Lusa